Entrelacos

12 de março de 2008
N° 15538 - Paulo Sant'ana

Quem não quer debate?

N a qualidade de eleitor de Porto Alegre, nascido em Porto Alegre, tendo sido vereador em Porto Alegre por 16 anos, além de cronista que ama sua cidade e respeita a vontade e a informação dos porto-alegrenses, arrisco-me a dizer que interpreto o sentimento dos meus conterrâneos ao exigir que os pré-candidatos do PT à prefeitura façam um debate público pelos meios de comunicação na próxima sexta-feira.

Maria do Rosário já nos disse que quer o debate. Quando soube disso, ontem, telefonei imediatamente para Miguel Rossetto. E desafiei-o a aceitar o debate na TVCOM e/ou Rádio Gaúcha na próxima sexta-feira.

Resposta taxativa de Miguel Rossetto a este colunista: "Tudo que eu quero é um debate destes. Eu quero este debate. Mas o partido tirou uma decisão de que não se faria este tipo de debate. Mas vou tentar demover o partido amanhã".

Alguns jornalistas bem informados vieram me dizer ontem que Rossetto sempre foi contra este debate. E só disse para mim que queria o debate para salvar as aparências.

Em realidade, dizem-me meus informantes, ele engrossou a decisão partidária que - sei lá por que motivo - detesta a possibilidade deste debate nas prévias do PT.

Quero dizer que não acredito que Rossetto pudesse ter sido insincero comigo. Comigo não. Se ele falou comigo, está falado.

E confio que tanto Rossetto quanto o PT, a partir de hoje, arregacem suas mangas para o debate da próxima sexta-feira.

Idiossincrasias e temores à parte, a população de Porto Alegre tem o direito de saber quais são as idéias dos pré-candidatos do PT para a Capital.

O que pensam fazer com a cidade, caso sejam eleitos prefeito. Nós, porto-alegrenses, não descuidamos de que precisamos saber o que Rossetto e Maria do Rosário acham de errado e/ou certo na administração Fogaça.

Nós temos o direito de saber se vão cercar ou manter indefesos à sangria dos vândalos e dos ladrões os parques da cidade no período da noite.

Queremos saber quais são seus planos para melhorar o transporte coletivo. Para minorar o engarrafamento. Para dotar os pobres de habitação, de creches, de programas alimentares. E de saúde.

Nós queremos saber.

Ou o PT é uma sociedade secreta que sonega ao público porto-alegrense o que pensa sobre a cidade e o que vai fazer com ela? Claro que não é assim, o PT tem planos e tem idéias.

Então por que é que os esconde se negando a compartilhar com os eleitores seus sonhos, pretensões e preocupações?

Mas é o PT que não quer este debate ou é o grupo que apóia Miguel Rossetto que não o aceita? Isto também precisa ficar claro. Como é que Maria do Rosário quer o debate e Miguel Rossetto só diz que o quer mas manifesta dubiamente um presumido respeito à instância partidária, que declarou não querer o debate? Quem é afinal que não quer o debate?

Maria do Rosário é claro que o quer. Vamos ver hoje se Rossetto também o quer. Se o quiser, sai o debate.

E aquele entre os dois que mais não quis o debate, no meu juízo, vai perder a prévia. Essa decisão é uma mácula na transparência que só pode levar à derrota quem a intentou.

O meu palpite é que sai o debate sexta-feira na TVCOM e/ou Rádio Gaúcha. Pela simples razão de que só pode ganhar o PT com este debate.

E sem debate, com prévia na surdina, não aberta ao público, com encontros amorcegados à opinião pública, o PT perde força na eleição de outubro. O PT se enfraquece se não fizer o debate.

E o PT e Miguel Rossetto não podem perder a oportunidade de fortalecer o PT realizando este debate.

Porto Alegre precisa urgentemente do trânsito de idéias na política.

O PT e Miguel Rossetto não vão entravar este propósito.

Ao debate!