terça-feira, 4 de março de 2008



04 de março de 2008
N° 15529 - Paulo Sant'ana


Marduque, somos campeões!

Ontem contei da minha noite azarada procurando a casa do Cacau em Jurerê, quando gastei duas horas na rua.

Mas, no dia seguinte àquele azarão, voltou a ficar célebre o meu azar.

É que fui numa das três mais famosas pastelarias de Florianópolis. E pedi um pastel de siri.

Dali a cinco minutos me serviram o pastel.

Eu só como pastel quando estou com fome. Estava com fome e cravei os dentes naquele biquinho da massa do pastel. Veio com dificuldade uma parte da massa parar na minha boca mas não veio recheio. Trancou o recheio.

Em vez do recheio, cravei meus dentes numa coisa impenetrável.

Olhei e vi que, dentro do pastel, no recheio do pastel, havia uma folha de plástico encolhida.

Desculpem, mas a impressão que tive quando vi a folha de plástico que havia no recheio de pastel foi a pior e mais escatológica possível: achei que era uma camisa-de-vênus.

Reclamei para o gerente da pastelaria e ele se desmanchou em desculpas, pediu que eu não mostrasse aos outros clientes. E quando soube que sou jornalista, suplicou-me que não citasse o fato em meu jornal, sua pastelaria ficaria arruinada.

Eu prometi a ele que contaria o caso para meus leitores mas não citaria o nome da pastelaria. Uma sabotagem, pensei.

Não comi pastel nenhum e me retirei, lamentando o meu histórico azar.

E sabem o que aconteceu? Essas massas de pastéis são circulares, as pastelinas. Quando é feito o pastel, antes de entrar na frigideira, a massa circular é dobrada e o pastel vira um semicírculo.

Pois bem, aquelas camadas circulares de massa para pastel vêm em pacotes. E quando são acondicionadas, interpõem entre cada círculo de massa um círculo de plástico.

Na hora de fechar o pastel com o recheio, a cozinheira se enganou e deixou o plástico integrar o recheio. E foi aquele desastre de eu abocanhar o pastel com plástico, o que me levou a morder inutilmente o pastel, não progredindo os meus dentes ao toparem com o plástico.

Então, eu pergunto: não sou eu o cara mais azarado do mundo?

Fiz as contas e, nos 10 anos da pastelaria, ali foram vendidos já cerca de 280 mil pastéis. Em nenhum dos outros 279.999 pastéis vendidos o plástico foi junto com o recheio.

Pois no meu pastel veio. É muito azar. Eu ando muito carregado.

Notem que alguns freqüentadores da pastelaria, em vez de se solidarizarem comigo, davam gargalhadas do meu aborrecimento.

Só estou escrevendo as linhas seguintes porque é a única forma de os leitores de Zero Hora terem conhecimento de minha passagem pelo Carnaval fora de época em Uruguaiana, embora a televisão tenha documentado isso com amplitude.

E também para agradecer as manifestações de carinho, hospitalidade, espanto e solidariedade que recebi na Avenida Presidente Vargas, onde desfilei pela Escola de Samba Ilha do Marduque.

Tanto no desfile quanto em caminhada que fiz pela pista do Carnaval, pouco antes, recebi calorosa ovação do público uruguaianense e dos visitantes que aderiram ao espetáculo momesco.

Muito obrigado. Foi no nível da minha pretensão e expectativa.

PS: Por sinal, depois de cinco anos sem vitória, a Escola de Samba Ilha do Marduque foi declarada ontem pelo júri campeã deste Carnaval de 2008.

Orgulho-me de ter ido lá desfilar por ela para ser decisivo nesta conquista. Viva Uruguaiana! Viva a Marduque!

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