sábado, 1 de março de 2008



01 de março de 2008
N° 15526 - Paulo Sant'ana


Natureza desigual

Há poucos dias, escrevi sobre as diferenças pessoais, uns nascem ricos, outros pobres, uns nascem feios, outros bonitos, uns nascem ou se tornam gordos, outros magros, esbeltos, elegantes.

Isso faz uma diferença muito grande, embora alguns, com talento e/ou esforço a superem.

Mas eu hoje quero falar sobre a diferença na natureza. É que comparando o Rio Grande do Sul com Santa Catarina, a gente é obrigado a considerar que levamos de goleada em beleza natural, não dá nem para querer disputar com Santa Catarina.

Eu não sei de onde a criação tirou tanto talento para dotar as terras catarinenses de tanta beleza, praias luxuriantes, cercadas de matas, de cerros, de pedras lindíssimas, de rochedos, lagoas, rios, córregos, um cenário de beleza incomparável.

Eu já disse que quando o Grêmio foi campeão mundial em Tóquio, em 1983, não pude assistir à maior festa tricolor de todos os tempos, a chegada a Porto Alegre dos heróis da grande façanha, porque tinha marcado passagem para conhecer o Havaí, que conheci então, embora o remorso de não estar aqui junto com as 300 mil pessoas que foram receber o Grêmio no aeroporto e nas ruas de nossa cidade me corroa até hoje.

O Havaí é um arquipélago de seis ilhas. Eu só visitei uma delas, Oahu, capital Honolulu.

Fiz a volta da ilha havaiana de barco e fiquei extasiado com a beleza natural das matas e das praias. Voltei para Porto Alegre e no dia seguinte fui para Florianópolis.

E fiz a volta de barco pela Ilha de Florianópolis, quando novamente me quedei extasiado. As duas ilhas são exatamente iguais em gritante beleza natural.

Quer dizer, Santa Catarina foi brindada com a graça dos deuses, é disparado um dos lugares mais bonitos do planeta. Não dá para comparar com o Rio Grande do Sul, que tem só Torres como tímida reação a esta supremacia catarinense.

As nossas praias não têm água do mar cálidas como as tantas que podem ser encontradas no litoral catarinense. Águas quentes e cristalinas.

Aqui, se você se arriscar a tomar um banho de mar em Tramandaí, apanha uma pneumonia.

Mas o que me interessa é a causa desequilibradora de Deus ter feito lugares tão bonitos e lugares tão feios na face da Terra. Por quê?

O povo gaúcho é bom, é hospitaleiro, é inteligente, dizem que é o mais politizado do Brasil.

Se tivéssemos, além disso, uma natureza formosa, seria uma demasia pedir isso a Deus?

Além disso, Santa Catarina tem uma riqueza que para o meu apetite e para o meu paladar é fundamental e imprescindível: o camarão.

O camarão é a maior delícia gastronômica do mundo. Mas o camarão, para ser de notável sabor afrodisíaco, tem de ser fresco. Tem de ter sido pescado há menos de 24 horas.

E em Santa Catarina o camarão vai morrer na panela. Isto, o camarão exala seu último suspiro na panela, em Santa Catarina.

Comer camarão que já foi congelado é como fazer amor de camisinha.

Não há, portanto, um lugar mais belo e mais palatável na cozinha do que Santa Catarina.

Confessemos que nós, gaúchos, e os uruguaios e os argentinos morremos de inveja de Santa Catarina.

Deus foi benigno com Santa Catarina. E fez uma ursada conosco.

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