terça-feira, 25 de maio de 2021


25 DE MAIO DE 2021
+ ECONOMIA

Guedes avisa que reeleição passará a ser foco da economia

Paulo Guedes, ministro da Economia, tem tendência ao sincericídio. Já o praticou chamando servidores federais de "parasitas" e reclamando que domésticas viajavam à Disney. Em entrevista à Folha de S.Paulo no final de semana, fez uma espécie de confissão:

- Jogamos na defesa nos primeiros três anos, controlando despesas. Agora vem a eleição? Nós vamos para o ataque.

Para não deixar dúvida sobre o que significa "ataque", detalhou, sobre a atuação:

- Vai ter Bolsa Família melhorado, BIP (Bônus de Inclusão Produtiva), o BIQ (Bônus de Incentivo à Qualificação), vai ter uma porção de coisa boa para vocês baterem palma. Tudo certinho, feito com seriedade, sem furar teto, sem confusão.

Foi tão desconcertante que uma fonte do Ministério da Economia negou que signifique "abrir a porteira dos gastos". Que governos tendem a ser mais "generosos" em períodos pré-eleitorais, e mais quando há reeleição, não é novidade. Mas um anúncio prévio como o feito por Guedes é bastante raro.

E vem logo depois da famosa portaria do "teto duplex", que permite aumentos salariais a Jair Bolsonaro e a vários ministros. A partir de junho, o teto de R$ 39.293,32, poderá ser solene e legalmente ignorado, o que representará ganhos de até 69% para servidores de alto escalão, com pagamentos mensais que podem ultrapassar R$ 66 mil. Conforme a Associação Contas Abertas, o gasto anual será de R$ 66 milhões ao ano, o que poderia financiar a instalação de 110 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

Outra promessa de Guedes é "devolver as estatais ao povo brasileiro". Parece ter acatado a proposta do Manifesto Convergência Brasil, apresentada no ano passado, que previa a transferência para programas sociais de recursos obtidos com privatização e com a reforma administrativa.

- Cada estatal vendida dá ganho de capital para o povo. E se não vender? Pega um pedaço dos dividendos. Cria um fundo de distribuição de riqueza, capitalismo popular. Isso está formulado e pronto - avisou Guedes.

O Brasil precisa, e com urgência, rever a reeleição.

MARTA SFREDO

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