sábado, 22 de maio de 2021


22 DE MAIO DE 2021
DE OLHO EM 2022

Foto de almoço de Lula com FHC gera reações

Em campos opostos da política desde a década de 1990, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) almoçaram juntos na semana passada. O encontro foi promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim, que atuou tanto no governo do petista quanto no do tucano. O almoço ocorreu na casa de Jobim e durou cerca de três horas. Lula registrou o encontro na sexta-feira, por meio de suas redes sociais.

A aproximação com o tucano faz parte da estratégia do ex-presidente Lula de se apresentar como um pré-candidato moderado e atrair lideranças do centro político. No início do mês, ele esteve em Brasília e se reuniu com nomes como o do também ex-presidente José Sarney (MDB), o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O gesto de FHC a Lula ocorre no momento em o PSDB enfrenta divisão interna e planeja fazer prévias para escolher seu candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Em entrevistas recentes ao jornal Valor Econômico e à Rádio Eldorado, o tucano afirmou que, num eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, votaria no petista.

- Espero que não seja necessário, mas se for, provavelmente, sim. PT é um partido importante que se organizou. Não tenho medo do PT - afirmou FHC ao jornal.

Em rede social, Lula elogiou a entrevista:

- Eu faria o mesmo se fosse contrário (sobre votar em FHC num eventual segundo turno contra Bolsonaro).

FHC postou texto em rede social, na sexta-feira, sobre o assunto: "Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula."

Críticas

A notícia de que ambos almoçaram juntos provocou mal-estar no PSDB. Bruno Araújo, presidente da Executiva nacional tucana, resumiu o incômodo e fez um apelo para o partido evite "passar sinais trocados" a seus eleitores.

- Esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, precisamos evitar sinais trocados aos nossos eleitores. O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira - afirmou Araújo.

Um dos nomes cotados pelo PSDB como pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2022, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, descartou uma aliança com o petista.

- Num país democrático é natural que dois ex-presidentes possam conversar sobre política. Mas num país democrático também é natural que não se esqueça da história e nem se negue o passado. Conversar com todos é premissa de quem deseja o fim do ?nós contra eles?, mas eu não aceito que o Brasil ande pra trás. Confio que FHC também não - disse Leite.

O PSDB marcou para outubro deste ano um processo de prévias para definir a candidatura presidencial. Além de Leite, são fortes candidatos o governador João Doria (SP) e o senador Tasso Jereissati (CE).

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