18 DE MAIO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
RESILIÊNCIA NA ECONOMIA
Obstáculos, dificuldades e reveses não têm sido artigos raros nestes 14 meses de pandemia para alguns dos principais setores da economia. Enquanto o agronegócio é o segmento menos afetado, a indústria, o comércio e os serviços enfrentaram, em diferentes graus, restrições que obrigaram os empresários a adaptações e reinvenções em busca de manter em pé os seus negócios. Persistência e resiliência têm sido, neste período desafiador atravessado pelo país, atitudes e características essenciais para sobreviver e até crescer em meio à turbulência sanitária e aos constantes sobressaltos políticos.
É graças a essa obstinação que o pior cenário, de retração da economia no primeiro trimestre, parece que não irá se concretizar, como se temia, após o recrudescimento da pandemia nos primeiros meses do ano. O Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado ontem, mostrou que, de janeiro a março, a economia brasileira avançou 1,7% sobre o trimestre imediatamente anterior. O desempenho foi considerado "surpreendente" e o crescimento "foi observado tanto nos três grandes setores de atividade quanto nos componentes da demanda", analisa a FGV, pontuando, entretanto, retração em março.
A percepção de que os números dos meses iniciais do ano não foram tão ruins quanto se esperava tem levado, inclusive, a revisões para cima para a alta do PIB em 2021. O boletim Focus, do Banco Central, indicou nesta segunda-feira uma expectativa de avanço de 3,45%, ante 3,21% na semana passada. Mas já há instituições financeiras projetando elevação de 4%.
Mesmo este cenário otimista, é preciso ressaltar, seria insuficiente para recuperar a retração de 4,1% do ano passado. Para uma recuperação sustentável da atividade no país, não há outra receita além da aceleração do processo de vacinação, que permitirá um retorno mais seguro ao trabalho, ao consumo e à busca por serviços, dando também esperanças de um maior fortalecimento do mercado de trabalho.
Sem esta condicionante, o fôlego será curto, e a retomada, desigual. Permanecerá atrelada a exportações, ao agronegócio e aos segmentos da indústria. Com menores restrições, as fábricas, aliás, têm apresentado desempenho acima da média no Estado, com crescimento na produção de 12,3% no primeiro trimestre. Um dado excelente que mostra a pujança do setor secundário no Estado e que, ao lado da agropecuária, tende a garantir aos gaúchos um crescimento do PIB superior ao do país em 2021. Mas apenas a imunização em massa, é preciso reforçar, trará maior confiança aos consumidores e permitirá um crescimento mais homogêneo da economia do Rio Grande do Sul.
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