Não quero falar de pandemia

Eu sei que um jornalista não pode se dar ao luxo de escolher o assunto que quer tratar no seu dia de trabalho. A pauta se impõe e é do público. O que é interessante para quem está ouvindo rádio, lendo jornal, vendo TV ou se informando por portais é o que deve estar nos noticiários. É claro que a pandemia é o assunto, por mais que não aguentemos mais. Mudou nossas vidas, a forma de enfrentar o mundo lá fora, deixou os abraços mais raros e as lavações de mãos mais frequentes. Trouxe uma crise econômica que tem consequências graves. Isso todos nós já sabemos e, em algum grau, vivenciamos. Mas eu quero mesmo hoje é respirar fundo, olhar para a frente e falar de coisas boas, dos chopes cremosos, expressão que copio do titular deste espaço, e do barzinho com amigos. Quero falar dos dias melhores, porque eles virão.

O Rio Grande do Sul está cheio de pessoas que fazem acontecer, buscam o progresso e fazem diferença nas suas áreas de atuação. Nesta semana, na Rádio Gaúcha, contamos a história de uma professora que transformou um cômodo da casa onde mora, no bairro Partenon, em sala de aula para alunos que precisam de reforço. Na semana anterior, mostramos a costureira que desmancha blusões velhos para produzir colchas de lã para moradores de rua.

Várias instituições que atendem crianças em situação de vulnerabilidade têm feito o trabalho de reunir doações de alimentos para garantir comida na mesa das famílias. Outro exemplo veio nos últimos dias, quando, depois de anos, Porto Alegre ganhou um espaço no cais para se aproximar do Guaíba. Fruto da união de empreendedores que sonham em uma cidade melhor, sem dúvida. A cidade ainda terá avanços na Orla, que virou ponto de encontro com uma vista invejável do pôr do sol. Orla que, aliás, encanta quem vem de fora e passa por ali.

O Estado tem dezenas de cervejeiros que produzem pilsens, reds, apas e ipas da melhor qualidade. Somos um polo nesse quesito. Vinhos e espumantes, então, nem se fala. Azeite de oliva! Ainda nem listei nossas opções gastronômicas. Mesas fartas nos restaurantes de um extremo a outro. O pastel e o galeto de Santa Maria, os doces de Pelotas, as massas de Bento e Caxias, a comida alemã e, agora a holandesa, de Nova Petrópolis. Claro, tem o churrasco de cada dia. O turismo de Gramado e Canela. As malhas de Farroupilha. Se tivesse espaço, contaria ao menos uma atração de cada um dos 497 municípios.

O que eu quero mostrar aqui é que temos do que nos orgulhar e temos planos para colocar em prática. Na minha lista de lugares para conhecer tem os cânions. Tem São Francisco de Paula, tem o Cassino e ainda um retorno à fronteira para passear por Livramento. Temos um futuro bom, mesmo com tantas pedras pelo caminho que nos impeçam de enxergar.

*O colunista David Coimbra está em licença médica - ANDRESSA XAVIER | INTERINA

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