Ora aí!
Para fugir um pouco da nossa triste realidade, imaginei um diálogo entre o Cristo do Corcovado e o Cristo de Encantado, o redentor e o protetor, gêmeos na aparência e nas boas intenções de seus construtores e devotos:
- O povo brasileiro está precisando de nós - comenta o carioca, mais experiente na administração das mazelas nacionais.
- Se for por falta de comida, pode contar com a gente daqui - responde o gaúcho, abrindo os braços sobre as plantações e os criadouros de porcos e aves do Vale do Taquari.
- A fome é uma ameaça, mas no momento o que mais nos falta é vacina - comenta o outro, voltando-se instintivamente para os lados da Fiocruz, mas ciente de que a maior carência não é de ciência, e sim de consciência.
- Por aqui a imunização também anda escassa - reconhece o rio-grandense, compadecido com o sofrimento e a indignação nas filas da vacinação.
- Mais escassa anda a humanização - filosofa o de lá, referindo-se não apenas aos milhares de mortes diárias que já viraram rotina, mas também à mais recente chacina.
- Você está precisando de proteção? - questiona o encantadense, fazendo jus ao nome que lhe foi dado por seus idealizadores.
- O que todos nós estamos precisando é de muita oração - responde sensatamente o Redentor.
- E também de compaixão, compreensão e afeição - complementa o Protetor.
- Verdade. Já não aguento mais ver tanto ódio nas redes sociais - desabafa o mais antigo.
- E faz 2 mil anos que a gente vem dizendo: ame seu inimigo - concorda o novato, que já nasceu com a sabedoria dos séculos.
- Talvez a gente tenha que relembrar a cada brasileiro a nossa mensagem mais essencial - sugere o Cristo da cidade maravilhosa, cheia de encantos mil.
- Vamos fazer isso, tchê? - sugere o gaúcho, sabendo que este diálogo imaginário está chegando ao final.
E os dois gigantes de pedra e fé repetem juntos para todo o Brasil uma lição de cristianismo, humanismo e altruísmo que ninguém jamais deveria esquecer:
- Nunca faça para os outros o que não gostaria que fizessem para você.
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