quarta-feira, 29 de julho de 2020


29 DE JULHO DE 2020
INFORME ESPECIAL

A encruzilhada decisiva do governo de Jair Bolsonaro


Teoricamente, o governo federal encerra mês que vem o pagamento do auxílio emergencial a mais de 50 milhões de brasileiros. Foram bilhões de reais injetados na economia e que garantiram, por mais estranho que pareça, aumento de renda em segmentos mais carentes da população, em plena pandemia.

Capitaneada pelo liberal Paulo Guedes, a abertura das torneiras dos cofres públicos terá um preço a médio prazo, com o aumento do rombo nas contas do governo. E outro a ser pago a partir de setembro, caso o auxílio emergencial deixe de chegar aos bolsos dos eleitores. Ainda longe da recuperação, a economia brasileira sentirá um baque gigantesco. Não apenas nas empresas, também favorecidas pela possibilidade de mudança nos contratos de trabalho, mas nas milhões de famílias de mais baixa renda.

Difícil prever o que acontecerá quando o benefício deixar de ser pago. Mas é possível antever problemas, como aceleração do desemprego, fome e aumento da violência, passando por danos políticos com reflexos nas eleições municipais e até mesmo mais adiante, em 2022.

Enquanto isso, Bolsonaro trabalha para emplacar o Renda Brasil, apelidado de Novo Bolsa Família, que poderá pagar até R$ 300 por mês aos beneficiados. Só que, para implementar a ideia, o governo precisa de tempo, da nova CPMF e do Congresso, agora com nova correlação de forças depois que o DEM e o MDB se afastaram no Centrão.

Paulo Guedes tem manifestado a interlocutores próximos a sua intenção de suspender mesmo o pagamento do auxílio emergencial. Diante dessa possibilidade, a postura do Congresso - em ano de eleição - será decisiva, assim como foi na prorrogação do benefício. Mas a palavra final caberá a Jair Bolsonaro, que pensa na reeleição e sabe, porque aprendeu com Lula, como garantir o voto de milhões de brasileiros que dependem do governo para comer.

TULIO MILMAN

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