quarta-feira, 29 de julho de 2020


29 DE JULHO DE 2020
ARTIGOS

NUNCA FOI E NUNCA SERÁ UM NOVO NORMAL


Não, não é normal não poder beijar minha mãe, não poder receber meus amigos em casa, não poder ir comprar uma roupa nova, não poder viajar, ir a shows, cinemas, bares e restaurantes. Não é normal sentir saudade de tanta gente, ficar tão inseguro com o futuro, ter medo de ficar sem dinheiro. Não é, nunca foi, e nunca será o meu novo normal.

Tudo aquilo que chamamos de normal passamos a aceitar. A normalidade acomoda e provoca a ausência de reflexões, da dúvida e da possibilidade de mudança. Não subestime sua inteligência e liberdade de poder se rebelar (mesmo que apenas internamente) contra o que possa estar acontecendo.

Estamos em um período transitório. Não se trata de reinventar. A ordem é adaptação e sobrevivência. No fundo, não queríamos estar criando tantas alternativas, e assim as fizemos na busca de uma solução para um problema imposto.

As emoções nunca estiveram tão afloradas e está tudo bem em não estar tudo bem. Talvez seja momento de apresentarmos nossas vulnerabilidades uns aos outros. Medo, raiva, culpa, tristeza, ansiedade, cansaço entre outras tantas emoções negativas estão sendo sentidas em todos os cantos do planeta. Negá-las é fazer um lockdown emocional sem opção de fuga, adoecendo o corpo, a mente e a alma.

Estamos todos juntos neste "bunker da vida" e os novos sentidos só irão surgir quando retornarmos à superfície.

Até lá, talvez você emagreça ou engorde. Talvez consiga ler os livros que sempre quis. Talvez não. Talvez aumente o desejo pelo seu parceiro, faça cursos, saia para correr, descubra alimentação saudável, brinque mais com seu filho, tire projetos dos papéis. Talvez não. Estamos em pausa. O mundo está no vestiário. Estamos todos sentados no banquinho do pensamento. Não se cobre. Não aumente a culpa.

Mas também sugiro não esquecer das pessoas e do quanto elas fazem falta. Aqueles que amamos e que nos amam, eles fazem falta. Aqueles velhos ou novos amigos, eles fazem falta. Aqueles que apenas conversam conosco na rua, que nos serviam algo, que tocavam nossas campainhas, eles fazem falta. E será com eles o caminho de volta.

GABRIEL CARNEIRO COSTA, EDUCADOR EMOCIONAL

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