terça-feira, 21 de março de 2023


21 DE MARÇO DE 2023
INFORME ESPECIAL

Para estimular o cuidado com a Orla

Não adianta só curtir e elogiar a revitalização da Orla, em Porto Alegre. É preciso ajudar a cuidar. Um dos maiores desafios, além da manutenção da área, é o lixo produzido e jogado de qualquer jeito na região.

Para mudar essa realidade, o projeto Recicla Guaíba vai lançar, no próximo sábado, uma bateria de novas ações no Trecho 1 - aquele que começa na Usina do Gasômetro e vai até a rótula das Cuias. É uma baita iniciativa, que faço questão de destacar aqui, porque só assim a gente evolui.

No percurso, serão instalados 23 pontos de entrega voluntária de resíduos (chamados de PEVs), perto de bares, quiosques e de zonas de grande circulação. Cada PEV terá um QR Code (código para leitura de celular) que dará acesso a dados como o volume coletado e a destinação dos detritos - uma forma inteligente de mostrar a quem colabora que vale a pena fazer o que é certo.

Outra novidade será a instalação de uma central de resíduos recicláveis (na forma de um contêiner) próximo às quadras poliesportivas. Ali, tudo o que for recolhido passará por uma triagem prévia e depois será encaminhado a cooperativas parceiras, para gerar renda e fazer a economia girar.

A ideia é fruto de uma parceria entre a concessionária GAM3 Parks, responsável pelo trecho, e a startup Polen, uma cleantech do Rio de Janeiro, com patrocínio do programa iFood Regenera. Nas praias cariocas, a Polen já soma quase duas mil toneladas de materiais reciclados desde 2019.

- Se na orla do Rio conseguimos resolver o problema, por que não deveríamos tentar na capital gaúcha? Quando as pessoas veem que dá resultado, elas se engajam. Acreditamos muito nisso - diz Renato Paquet, ecólogo e CEO da Polen.

No próximo sábado, também haverá um mutirão de limpeza e ações de conscientização no local.

Há uma década...

Ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati escreveu à coluna para comentar o texto de ontem, sobre o acerto na revitalização da Orla. Fortunati conta que, quando surgiu a ideia da pista de skate (foto), decidiu ouvir o setor e entendeu a força da modalidade na Capital:

- Fiquei surpreso ao saber que a cidade já era referência nacional no esporte.

Antes de apresentar a ideia ao arquiteto Jaime Lerner, a prefeitura também ouviu a equipe que havia feito a pista de skate do Rio de Janeiro, até então considerada a maior da América Latina. Lerner não pensou duas vezes: deu "match".

- Valeu a pena enfrentar os críticos - reflete Fortunati, dez anos depois.

JULIANA BUBLITZ

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