Silvana Pretto Zanon e o mundo bani
Jaime Cimenti
Silvana Pretto Zanon, engenheira química de formação, pós-graduada em Ciências Humanas pela Pucrs e cursando Psicologia, foi cofundadora de uma empresa familiar onde foi executiva durante dezoito anos. Silvana hoje é conselheira da Bienal do Mercosul e desenvolve inúmeros projetos ligados à arte e a educação infantil, além de Master em Etiqueta pela British School of Excellence em Londres. Autora de vários livros (Para 12 Diferentes Flores, Ao lado de Maria - uma lembrança italiana, entre outros), Silvana traduziu e organizou a conhecida obra Savoir-Vivre é um Jogo de Geneviève d´Angenstein.
Surfando no Mundo Bani (Editora Sulina, 176 páginas, R$ 64,90) é a obra mais recente da autora. A sigla Bani significa originalmente em inglês brittle, anxious, non-linear, incomprehensible. Em português: frágil, ansioso, não linear e incompreensível.
Com densos textos e citações de autores fundamentais sobre o universo complexo da contemporaneidade, em especial os do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que tratou de nossa modernidade líquida, Silvana mostra humildade, erudição e saudável curiosidade sobre temas essenciais como o mundo bani, a importância do autoconhecimento, a generosidade, a empatia, a compaixão, o diálogo, a elegância e a polidez, a criatividade, o sentido da vida, a física quântica e a nobreza de espírito.
Admiradora dos celebrados escritores Luc Ferry e Rob Riemen, que foram os inspiradores da obra, Silvana apresenta suas mensagens de forma simples e objetiva, mas, acima de tudo, com muita gentileza, delicadeza e com o objetivo nobre de desenvolver o humanismo no mundo contemporâneo. Ela enfatiza que o conhecimento pode mudar as pessoas e o mundo para melhor e propõe um passeio interdisciplinar, abordando temas ligados ao humanismo. Disso muito precisamos, nesta época tão mundialmente tumultuada, barulhenta, polarizada e violenta. Gentileza gera gentileza, isso precisamos repetir e praticar todos os dias.
Lançamentos
Sacadas, pra quê? (Bestiário, 270 páginas, R$ 62,00) quarto romance do jornalista, professor e escritor Fernando Favaretto, começa com Denson descobrindo, por acaso, que um rapaz com quem transou há uma semana, após contato na internet, desapareceu. Envolvido com um taxista casado, Denson faz contato com o melhor amigo do sumido e aí muito acontece.
Que faremos amanhã? (Martins Livreiro – 170 páginas) do consagrado psicanalista Luiz-Olyntho Telles da Silva é diálogo sincrônico entre textos e contextos de várias épocas. O autor trata de Ana Mariano, Berenice Sica Lamas, José Eduardo Degrazia, Josué Sena, Cervantes, Clarice Lispector, Huxley e outros com percuciência e admiração.
Direito, Legislação e Liberdade – Sobre regras e ordem (AVIS RARA – Faro Editorial, R$ 49,90, 192 páginas) do grande mestre austríaco F.A. Hayek, Nobel de Economia de 1974, traz uma defesa inovadora e instigante sobre uma sociedade de livre mercado e sobre as virtudes do liberalismo clássico, com ênfase na preservação da liberdade para todos e respeito às leis.
Bento Gonçalves
Há quase setenta anos eu tive a alegria e o orgulho de nascer em Bento Gonçalves, que eu sempre digo, sem exagero ou bairrismo: Bento é um presente de Deus para a humanidade. Como disse o Iberê Camargo, grande pintor e também primoroso frasista, “a gente nunca esquece o lugar onde nossos olhos contemplaram a luz do sol pela primeira vez. ” Eu nunca, jamais, vou esquecer. Saí de Bento, mas Bento jamais sairá de mim.
Tive a sorte de nascer numa terra colonizada por pessoas trabalhadoras e religiosas, que pagaram pelos lotes montanhosos onde constituíram famílias numerosas e onde, com muito suor e fé, plantaram parreirais, esperanças e onde deixaram para trás os problemas de pobreza e exploração que sofriam duramente na Itália. Ao invés de promover revolução político-social violenta na Itália, aquelas famílias humildes fizeram revolução plural, democrática, pacífica, solidária e de muito trabalho nos terrenos difíceis e pedregosos da serra gaúcha, hoje merecido orgulho regional, nacional e internacional.
É o Brasil que dá certo, com desenvolvimento econômico, político, social, educacional, cultural, científico, turístico e, acima de tudo, humano. Os números e os fatos falam por si e, há décadas, apontam a Serra Gaúcha como referência para trilharmos melhores caminhos futuros, especialmente num contexto mundial tão problemático.
Com 130 mil habitantes, expectativa de vida de 76 anos e índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) de 0,923 (um dos maiores do Estado), índice de escolarização de 99,7% e PIB per capita de aproximados R$60.000,00 anuais, a cidade segue como uma das melhores em distribuição de renda, em nível nacional.
Bento tem 92,4% da população servida por abastecimento de água e 77,3% de esgoto tratado. Bento deve se orgulhar em termos de saneamento básico, um dos maiores problemas nacionais que temos. Em Bento foi instalada a primeira usina no Brasil para reciclagem de lixo orgânico.
Em 2022, Bento apresentou os menores índices de criminalidade dos últimos dez anos e, assim, aumenta a sensação de segurança e a vontade de viver e trabalhar na gloriosa Capital Brasileira do Vinho e, claro, cresce ainda mais o desejo dos brasileiros e estrangeiros de visitarem a cidade e aproveitarem a hospitalidade, as muitas atrações turísticas, os serviços e os produtos de qualidade que a cidade sempre ofereceu. Em 2021 e em 2022 em torno de 1.5 milhão de pessoas visitaram Bento, que é um dos maiores destinos turísticos do Brasil.
Andando pelas ruas de Bento, mesclando tempos de criança com as visões da maturidade, renovo as esperanças em pessoas e mundo melhores, esperanças de ver nosso país tornar-se uma verdadeira nação. Bento mostra que muita coisa é possível, que o futuro a gente faz fazendo e que a maravilhosa história da cidade e dos seus habitantes vai continuar a melhorar, em meio às montanhas verdejantes e ao brilho do sol que é de Deus e de todos.
A propósito
Bento não está livre de problemas e o noticiário recente, com algumas abordagens parciais e precipitadas, deu conta de situações lamentáveis com trabalhadores de outros estados, contratados para a colheita da uva. Os acontecimentos foram e seguem sendo esclarecidos, acordos e pagamentos foram feitos, outros estão a caminho e as leis foram e serão devidamente aplicadas, como deve ser, aliás, em todo lugar e como sempre foi em Bento, com cidadãos, entes públicos e empresas responsáveis, pagadores de impostos e dotados de alto espírito laborioso, humano e social. Brasileiros amam Bento e seguirão amando.
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