terça-feira, 21 de março de 2023


21 DE MARÇO DE 2023
POLÍTICA ECONÔMICA

Juro no Brasil é "chocante", afirma Nobel de Economia

Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2001 e professor da Universidade de Columbia (EUA), definiu a taxa básica de juro no Brasil como "chocante" e equivalente a uma "pena de morte", a qual o país tem sobrevivido em razão da atuação de bancos públicos.

Stiglitz fez a avaliação no seminário Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Crítico da política monetária que usa juros para conter inflação sem observar efeitos nocivos sobre investimentos, Stiglitz fez duras críticas à condução do Banco Central brasileiro nos últimos anos, mas sem mencionar diretamente a autoridade monetária.

- Um Banco Central independente e com mandato só para inflação não é o melhor arranjo para o bem estar do país como um todo - afirmou. - A taxa de juros de vocês (Brasil) é de fato chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. E parte da razão disso é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que têm feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores - avaliou Stiglitz.

O economista afirmou que, se o Brasil tivesse política monetária mais razoável, teria tido crescimento bem maior que o registrado nas últimas décadas. Isso porque os juros altos da economia teriam desencorajado investimentos, inclusive os ora necessários para promover uma transição verde na economia capaz de levar o Brasil da posição de exportador de commodities para uma economia industrial relevante no cenário internacional.

- As questões do Brasil são mais urgentes do que em outros países ao redor do mundo. O Brasil sempre foi descrito como o país do futuro, mas o futuro continua sempre deixado para o futuro - comentou.

 

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