terça-feira, 14 de março de 2023



FINANÇAS NORTE-AMERICANAS

EUA buscam evitar efeito dominó no sistema bancário

Fed cria programa emergencial após fechamento de dois bancos no país. Valores de até US$ 250 mil estão garantidos

Autoridades do sistema financeiro norte-americano agiram para tentar conter os efeitos do colapso de dois bancos no país, o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank, duas das maiores instituições do setor a quebrar desde a crise de 2008. A preocupação é com o "risco sistêmico". As iniciativas tomadas buscam proteger a economia dos EUA e fortalecer o setor bancário.

Na sexta-feira, o SVB entrou em colapso financeiro. Em seguida, foi a vez do Signature, fechado no domingo por reguladores norte-americanos.

A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), agência independente criada pelo Congresso para manter a estabilidade e a confiança pública no sistema financeiro do país, informou que garante retiradas de até US$ 250 mil. Mas muitos dos clientes do SBV - conhecido por seus relacionamentos com startups de tecnologia e capital de risco - tinham mais do que esse valor em suas contas. Há temores de que alguns trabalhadores em todo o país não recebam seus contracheques.

O Silicon Valley Bank é o 16º maior banco do país. Foi a segunda maior falência de banco na história dos Estados Unidos, após o colapso do Washington Mutual em 2008. O SVB atendia principalmente trabalhadores de tecnologia e empresas apoiadas por capital de risco, incluindo algumas das marcas mais conhecidas do setor.

Garantias

Ontem, havia filas de clientes em frente a algumas agências, como na cidade de Santa Clara, na Califórnia, na região conhecida como Vale do Silício. Em nota, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), o Departamento do Tesouro e a FDIC asseguraram que todos os depósitos no SVB e no Signature Bank com valores de até US$ 250 mil serão devolvidos.

Os órgãos informam que acionistas e detentores de algumas dívidas não garantidas não serão protegidos, enquanto a alta cúpula da empresa foi retirada do cargo. "Quaisquer perdas para o Fundo de Seguro de Depósito para apoiar os depositantes não segurados serão recuperadas por avaliação especial dos bancos, conforme exigido por lei", disseram. Em comunicado, o Departamento de Serviços Financeiros dos Estados Unidos revelou ter assumido controle do Signature, que dispõe de cerca de US$ 110,36 bilhões em ativos e US$ 88,59 bilhões em depósitos.

No domingo, o Fed anunciou a criação de programa de emergência para conter os efeitos do colapso dessas companhias sobre o sistema bancário dos Estados Unidos. Em comunicado, o banco central afirmou estar preparado para lidar com qualquer pressão de liquidez que emergir.

Segundo a nota, o Fed fornecerá financiamento adicional às instituições depositárias por meio do novo Programa de Financiamento a Prazo do Banco (BTFP), que oferecerá empréstimos com vencimento de até um ano a bancos, associações de poupança, uniões de crédito e outras que comprometem Treasuries (tipo de investimento equivalente ao Tesouro Direto no Brasil), dívidas de agências e títulos garantidos por hipotecas e outros ativos qualificados como garantia. "O BTFP será fonte adicional de liquidez contra títulos de alta qualidade, eliminando a necessidade de uma instituição vender rapidamente esses títulos em momentos de estresse", explica.

O Fed terá US$ 25 bilhões do Fundo de Estabilização Cambial como lastro para o novo instrumento, mas não espera ter de usar os recursos. Todas as medidas anunciadas compõem um plano para mitigar os efeitos da quebra dos bancos no sistema financeiro americano.

Monitoramento

"O Conselho do Fed está monitorando de perto as condições em todo o sistema financeiro e está preparado para usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar famílias e empresas, e tomará medidas adicionais conforme apropriado", ressaltou o banco central.

De acordo com a nota, a ideia é assegurar que os bancos desempenhem o papel de salvaguardar os depósitos e proporcionar o acesso ao crédito para famílias e empresas, com objetivo de promover crescimento econômico "forte e sustentável". "Nenhuma perda associada à resolução do Silicon Valley Bank será sustentada pelo contribuinte", garantiram os órgãos americanos.

Na Inglaterra, a sucursal britânica do SVB foi vendida ao HSBC, numa venda "facilitada" pelo governo local e pelo Banco de Inglaterra. A venda foi concretizada pelo valor simbólico de uma libra (o equivalente a R$ 6,26).

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