07 DE MARÇO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
CONFIANÇA NO PRÓPRIO NEGÓCIO
É alentador para a economia gaúcha o resultado da pesquisa do Sebrae RS, divulgado ontem por Zero Hora, indicando que 52% dos microempreendedores individuais (MEIs) e dos micro ou pequenos empresários têm planos de crescimento para os seus negócios em 2023. A disposição mostra, sobretudo, convicção dos entrevistados em um bom desempenho das suas atividades.
Deve-se lembrar que, mesmo parecendo algo abstrato, o nível de confiança é considerado uma variável central na prospecção de cenários, algo como uma mão invisível capaz de dar impulso ou de segurar a atividade econômica no futuro próximo. Muitas vezes é encarado como uma espécie de profecia autorrealizável.
A intenção de expandir os negócios, mostra o levantamento, é nove pontos percentuais acima do verificado na mesma pesquisa um ano atrás. O ímpeto empreendedor contrasta com uma certa insegurança que paira nas análises mais amplas devido a fatores como desaceleração do PIB nacional, inflação e juro altos e dificuldades recentes no mercado de crédito no país, sem falar na expectativa de crescimento global menor. Caso estas intenções detectadas pelo Sebrae RS de fato se materializem, será possível ter esperança de um crescimento econômico - ao menos no Estado - acima do que hoje é consenso para 2023.
Chama atenção a disposição dos empresários dos ramos de comércio, serviços, indústria e agricultura em ampliar a capacidade de atendimento e de produção e de compra de máquinas e equipamentos, de lançar novos produtos e, com isso, contratar mais. É algo que sinaliza movimentação de toda uma cadeia ligada a estes negócios, nos mais diferentes ramos de atividade. Vale lembrar que, também de acordo com o Sebrae, as micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos formais do país. As pretensões de ampliação, portanto, têm potencial de influenciar positivamente o mercado de trabalho e gerar mais renda.
É natural que empreendedores sejam otimistas. Se não levassem fé na própria capacidade e no setor que atuam, possivelmente sequer teriam se lançado à aventura que é criar e manter o próprio negócio em um país como o Brasil, onde o ambiente costuma ser hostil para quem inicia uma atividade do gênero, seja por vislumbrar uma oportunidade ou devido à necessidade. Mesmo assim, quem está à frente da gestão no dia a dia e em contato direto com a clientela ou, no caso do MEI, quem desempenha o ofício, costuma ter percepção acurada dos cenários à frente. Os sinais que formam as expectativas, afinal, são dados cotidianamente.
Se, a despeito das incertezas macroeconômicas, mais de 90% dos ouvidos pela pesquisa têm planos de manter ou expandir a atuação, dois terços planejam investir e mais de 70% esperam ampliar ou conservar o quadro de colaboradores, não é difícil concluir que o otimismo suplanta o pessimismo. Não é com derrotismo que se faz a economia crescer.
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