Sem adotar o sobrenome do marido
Nome de solteira e nome de casada. Para muitas gerações de mulheres, acrescentar o sobrenome do marido ao seu próprio nome era questão simplesmente inquestionável na hora do casamento. No entanto, esta realidade vem mudando desde 2002, com a publicação do Código Civil, que permitiu aos noivos, homens e mulheres, a adoção do sobrenome do futuro cônjuge. Desde a mudança na lei, o número de gaúchas que adotam o sobrenome do marido no casamento caiu 39% no RS.
Em 2002, quando o atual Código Civil foi publicado, o percentual de mulheres que adotavam o sobrenome do marido no casamento chegava a 46,1%. A partir de então, o número começou a cair. Mais recentemente, em 2022, 28,5% das 10.372 mulheres que casaram com homens optaram por adotar o sobrenome do cônjuge. O dado é da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado (Arpen/RS), entidade que representa os 422 cartórios de registro civil do RS.
O levantamento também mostra que, em 2022, 68,3% dos futuros casais optaram por manter os sobrenomes de família. Segundo o presidente da Arpen/RS, Sidnei Hofer Birmann, os dados refletem o comportamento da sociedade.
Para o professor Angelo Brandelli Costa, do Programa de Pós- Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, a mudança está relacionada às questões de gênero dentro do casamento:
- Historicamente, a situação que ocorria é que a mulher era vista como posse pelo homem nas relações conjugais. Então, a ideia de assumir o sobrenome consolidava a incorporação dessa mulher na família. Ela se tornaria peça nesse núcleo familiar, e nunca o contrário. É, sim, um reflexo de empoderamento progressivo da mulher nas relações conjugais.
Uma novidade introduzida pelo atual Código Civil é a possibilidade de adoção do sobrenome da mulher pelo homem, na hora do casamento. Mas, em 2022, só 0,4% dos homens fizeram esta escolha.
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