segunda-feira, 13 de março de 2023


13 DE MARÇO DE 2023
DIÁRIOS DO PODER

Francisco levou buenos (e novos) aires ao Vaticano Crédito para agricultores afetados

O governo federal anunciou R$ 200 milhões em crédito para auxiliar os agricultores gaúchos atingidos pela estiagem. Operacionalizada por meio do Banco do Brasil, a linha é voltada a famílias com renda de até R$ 3 mil, que se enquadram no Grupo B do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Os primeiros contratos foram assinados na quinta-feira, na Expodireto Contrijal, em Não-Me-Toque. O recurso faz parte do conjunto de medidas anunciadas pelo governo em 23 de fevereiro, quando ministros foram a Hulha Negra, no sul do Estado, verificar in loco a situação da estiagem.

Estiveram no Estado os titulares do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

Na ocasião, foram anunciados investimentos de R$ 430 milhões em ações de mitigação da estiagem em cerca de 300 municípios.

Os financiamentos agora anunciados serão de até R$ 6 mil, com juro de 0,5% ao ano e prazo de dois anos, além de bônus de 25% para quem pagar as parcelas em dia. O crédito pode ser usado tanto para infraestrutura quanto para aquisição de seguro agrícola.

- Estamos trabalhando, e os recursos estão chegando. A preocupação é dar alternativas ao produtor para subsidiar a retomada das economias locais - afirma Pimenta, que destaca ainda que o governo está sensível em relação à queda na renda do produtor e ao endividamento devido às estiagens recorrentes.

Segundo a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, o acolhimento de propostas de financiamentos ocorrerá de forma simplificada:

- A instituição está comprometida com a operacionalização das medidas anunciadas pelo governo de enfrentamento à estiagem e com o financiamento da agricultura familiar.

Ao longo da semana, o governo mobilizou funcionários do Banco do Brasil e seguradora para apoiar os acionamentos de seguro e Proagro e dar celeridade às vistorias e à conclusão de processos e pagamentos aos produtores afetados pela estiagem. Também está concedendo aos clientes com dificuldades de pagamento das parcelas de financiamentos não cobertos pelo Proagro a prorrogação do crédito rural.

Sobre certos temas a Igreja nunca vai mudar. Ouvi essa frase, certa vez, de um já falecido cardeal, enquanto cobria a morte do papa João Paulo II, em 2005. Mudar, dizia ele, significaria o colapso da instituição. Além dos dogmas, estariam também entre os temas "imutáveis" a ordenação de mulheres, o celibato e o aborto. No restante, quase tudo é negociável, sob a ação do tempo e da História.

Apesar de dificilmente a Igreja mexer em pilares doutrinários, muito já mudou ao longo do tempo para acompanhar os avanços sociais. Estão aí as alterações do Concílio Vaticano II, convocado pelo papa João 23 em janeiro de 1959 e conduzido em boa parte por seu sucessor, Paulo VI: as missas deixaram de ser rezadas em latim e passaram a ser celebradas nos idiomas de cada país, passou-se a aceitar que seria possível conhecer Deus em outras religiões, os Pontífices dividiram mais seu poder com bispos e a Igreja reconheceu o papel dos meios de comunicação no processo de evangelização.

Mas a porção humana da Igreja, que também é santa para seus fiéis, move-se igualmente em meio à política. Por isso, sua história alterna períodos progressistas e conservadores. Calhou de vivermos no mesmo período histórico de grandes conservadores, como João Paulo II, e de grandes reformadores, como Francisco, que, hoje, completa 10 anos de pontificado.

Intramuros, o papa argentino fez muito, de forma silenciosa: iniciou, por exemplo, a necessária reforma da Cúria Romana, cuja corrupção e inércia ajudou na queda de Bento XVI, e acabou com o sigilo pontifício, utilizado para acobertar os crimes de padres pedófilos por décadas.

Extramuros, a parte mais visível, obviamente, recuperou a simplicidade do pastor de 1,34 bilhão de católicos, retomou, em parte, a ideia de uma Igreja presente nas ruas, nos grotões, aproximando-se de comunidades LGBT+, aceitando a contracepção e, nos temas globais, defendendo a justiça social e o ambiente.

Grandes papas são feitos de imagens simbólicas, empurrados pelas conjunturas históricas ou por suas ações individuais: João Paulo II eternizou o gesto de beijar o solo de cada país aonde chegava. Francisco foi um gigante ao rezar solitário na Praça de São Pedro em meio à pandemia de covid-19.

A seu jeito, ambos deram exemplo. O papa polonês morreu aos 84 anos. Bento XVI renunciou aos 85, e faleceu aos 95.

Desde que o papa alemão desceu do trono de São Pedro, essa opção está aberta, sem traumas, aos sucessores. O próprio Francisco já disse que, em caso de problemas de saúde que o impeçam de continuar, também poderia renunciar.

Enquanto isso, o papa argentino, que levou buenos - e novos - aires ao Vaticano, molda o Colégio Cardinalício a sua imagem e semelhança: cerca de 65% dos cardeais votantes de um futuro conclave foram indicados por Francisco. Ou seja, pensam em grande parte como ele.

De certa forma, Francisco escolhe, assim, o perfil de seu sucessor antes mesmo de a fumaça branca sair do alto da Capela Sistina.

DIÁRIOS DO PODER

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