sexta-feira, 17 de março de 2023


REFORÇO NASSALAS DE AULA

Há algum tempo, especialistas em educação vêm alertando sobre o risco de uma espécie de apagão de professores no país nos próximos anos. Alguns fatores se interligam para esse cenário ser projetado. Entre eles, o baixo interesse dos jovens pelas carreiras de licenciatura, os salários considerados pouco atraentes e a idade média avançada do corpo docente, mais próximo, portanto, da aposentadoria, sem a devida reposição. No Rio Grande do Sul, onde a transição demográfica ocorre em uma velocidade acima da média nacional, por óbvio esse problema deve merecer especial atenção.

Vai no sentido de enfrentar essa questão o anúncio do Palácio Piratini de realização de um concurso para a contratação de 1,5 mil professores. Ontem, em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, o governador Eduardo Leite informou ainda a possibilidade de mais um certame em 2023. É preciso lembrar também que um dos principais compromissos do governador, incluído na promessa de priorizar a educação no seu segundo mandato, é uma substancial expansão de escolas com turno integral no Ensino Médio. Até 2026, a proposta é chegar a 50% da rede nessa modalidade.

Para atender a essa demanda serão necessários mais professores. Deve-se recordar ainda que, devido às dificuldades das finanças públicas, são 10 anos sem a realização de concurso para o magistério estadual, com consequências lógicas. Faltam mestres em várias escolas e, muitas vezes, para preencher essas lacunas, o Estado recorre a contratações emergenciais, o que não é o ideal. Servidores efetivados podem se dedicar de forma exclusiva, com melhores resultados no processo de ensino de crianças e adolescentes. Os prejuízos na aprendizagem causados pela pandemia exigem esforço extra para recuperar o déficit na assimilação dos conteúdos, nítido em todas as avaliações aplicadas até aqui nos alunos.

As 1,5 mil vagas, como informou o Estado, são para as 30 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). Em aderência a um decreto estadual de 2021 que cria cotas para os certames estaduais, haverá reserva de vagas para pessoas com deficiência, indígenas, negros e transgêneros. A data esperada para a aplicação da prova é 25 de julho. Espera-se, agora, um bom número de inscrições.

Ter um quadro de professores adequado à demanda, no entanto, é apenas uma das frentes necessárias para a oferta de um ensino qualificado aos estudantes da rede estadual. Além das questões pedagógicas, há em curso iniciativas para evitar a evasão, cursos de reciclagem para docentes com incentivo financeiro e vinculação de repasse de ICMS a municípios conforme o desempenho dos alunos, entre outras políticas que espera-se apresentem bons resultados em um futuro próximo. 

Mas uma das urgências, como admite o próprio Piratini, é tirar do papel o plano de reformas em escolas, especialmente nas 176 identificadas como as que estão em situação mais precária e que receberão aporte emergencial de R$ 30 milhões.  

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