O drama erótico em que Letícia Colin arrasa
O filme "A Porta ao Lado" (2022) entra em cartaz nesta quinta-feira (9) no CineBancários, no Espaço Bourbon Country e na Sala Paulo Amorim
Três dos sete filmes brasileiros que competiram no 50º Festival de Gramado, em agosto do ano passado, estreiam nos cinemas neste mês. O primeiro é A Porta ao Lado, em cartaz a partir desta quinta-feira em três salas de Porto Alegre: CineBancários, Espaço Bourbon Country e Sala Paulo Amorim. No dia 30, será a vez do grande vencedor na entrega dos Kikitos, Noites Alienígenas, e de O Pastor e o Guerrilheiro. Antes, já haviam sido lançados Marte Um, A Mãe e O Clube dos Anjos. Vai faltar apenas Tinnitus.
Escrito por Patrícia Corso e LG Bayão, A Porta ao Lado (2022) é o oitavo longa-metragem de Julia Rezende, filha do cineasta Sérgio Rezende e da produtora Mariza Leão e diretora das comédias Meu Passado me Condena (2013), Meu Passado me Condena 2 (2015), De Pernas pro Ar 3 (2018) e Depois a Louca Sou Eu (2019), além de assinar a minissérie Todo Dia a Mesma Noite (2023), sobre a tragédia da boate Kiss.
No novo filme, ela não abre mão do senso de humor para comandar um drama sobre amor, relacionamentos, desejo sexual, mentiras, traição, autoengano, ter ou não ter filhos, tédio, dinheiro e outros quetais que pautam as vidas dos casais.
Na primeira cena, acompanhamos a tensa e quieta chegada de quatro personagens a um edifício charmoso no Rio. Em breve saberemos que são dois casais. De um lado, estão Mari, uma chef de cozinha interpretada com gana e nuances por Letícia Colin, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte e indicada ao Emmy Internacional pela minissérie Onde Está meu Coração (2020), e Rafa (Dan Ferreira, da novela Amor de Mãe), bem-sucedido executivo de um banco. Do outro, os vizinhos de prédio, Isis (Bárbara Paz) e Fred (Túlio Starling, da minissérie Hit Parade), que mantêm uma fazenda de produtos orgânicos e um casamento aberto.
Os personagens de "A Porta ao Lado": Isis 9Bárbara Paz), Fred (Túlio Starling), Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin)
Um flashback leva o filme ao começo de tudo, a noite em que Mari e Rafa se conheceram. Uma eficiente elipse de tempo nos traz para os dias atuais. Já casados, os dois personagens são despertados pelo barulho de uma janela quebrada, um acidente com o guindaste usado na mudança dos novos vizinhos. A cena é bastante simbólica: Isis e Fred estão invadindo o relacionamento, e Mari, ao juntar os cacos de vidro, se corta — um aviso de que ela vai se machucar a partir do momento em que se aproximar do sensual marido da vizinha.
A Porta ao Lado não tem pudor para falar de sexo e para mostrar transas, mas jamais se torna apelativo. É um filme maduro (ainda que pudesse encurtar seus 114 minutos de duração), com discussões ora bem-humoradas, como quando Mari e Rafa ironizam o casal vizinho ("Casamento aberto é desespero, é para ver se pinta ciúme para salvar a relação, é para gente que não tem contas a pagar e inventa preocupação"), ora espinhosas, como quando o mesmo casal, em meio a uma briga, trata sobre machismo e racismo.
Ainda que a personagem de Bárbara Paz possa por vezes parecer caricata, todo o elenco atua bem, mas Letícia Colin sobressai. Aos 33 anos, a atriz que interpretou a Leopoldina da novela Novo Mundo (2017) e a Rosa Câmara do folhetim Segundo Sol (2018) consegue um raro equilíbrio em A Porta ao Lado: sabemos que ali está uma artista, mas também conseguimos enxergar em Mari uma pessoa real, que vai se surpreendendo consigo mesma enquanto se excita ou hesita.
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