terça-feira, 14 de março de 2023

OPINIÃO DA RBS

ALERTA E ESPERANÇA CONTRA A DENGUE

Trazem alento as informações que mostram avanços no desenvolvimento e na disponibilização de vacinas contra a dengue no país. O cenário epidêmico é preocupante e os imunizantes tendem a ser importantes aliados no combate à doença. O Brasil e o Estado tiveram, no ano passado, recordes de mortes causadas pela enfermidade. Foram 1.016 vítimas em nível nacional e 66 no território gaúcho.

Os painéis de monitoramento indicam alta de casos neste início de 2023. É uma situação que merece vigilância redobrada dos órgãos de saúde e da população. Por enquanto, a melhor arma é a conscientização, para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

A mais recente notícia no Estado é sobre a busca de voluntários na Capital, pelo Hospital São Lucas, da PUCRS, para um estudo sobre novas vacinas produzidas pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e pela farmacêutica norte-americana Merck Sharp and Dohme (MSD). É um trabalho para comparar os dois produtos. Mas os resultados preliminares conhecidos do imunizante do Butantan são promissores. A eficácia está em torno de 80%. As análises, com a colaboração de instituições em vários pontos do país, são realizadas desde 2016, e no Estado, além da PUCRS, há a parceria do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). As conclusões até aqui também comprovam a segurança do produto, aplicado em dose única. O trabalho deve ir até o próximo ano.

No início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da vacina Qdenga, da japonesa Takeda Pharma. Já há uma anteriormente chancelada, mas pode ser aplicada apenas em pessoas que tiveram a doença. Essa, agora, poderá ser administrada em quem nunca teve contato com o vírus - de crianças a partir de quatro anos até adultos com 60 anos. A eficácia também é de 80%. A expectativa é de que deva chegar às clínicas privadas do país no segundo semestre.

Também será analisada pelo governo federal a sua incorporação ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), para ser disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Embora não exista prazo, o Ministério da Saúde já declarou que essa avaliação é um tema prioritário hoje. Aguarda-se que todos os trâmites sejam observados, combinando celeridade e rigor de análise, e inexistindo óbices, seja possível agregar mais esta proteção à ampla maioria da população brasileira. Espera-se, da mesma forma, com a maior brevidade possível, a aprovação de outros imunizantes, como o do Butantan, o que nos próximos anos pode ter um grande impacto positivo na saúde pública do país graças também à tradição nacional de adesão a vacinas.

Até lá, no entanto, a batalha contra o Aedes aegypti seguirá travada com os meios existentes, como campanhas de conscientização e a ação de agentes de saúde dedicados ao combate a endemias, levando informação à população. Em alguns pontos problemáticos, como vem ocorrendo em áreas de Porto Alegre, ocorre aplicação de inseticidas para controlar a infestação do mosquito transmissor. Neste momento, há atenção especial ainda com Encantado, no Vale do Taquari, onde foram registrados neste início de ano quase metade dos cerca de 750 casos confirmados da doença no Estado até ontem. Agora, é preciso reforçar a mensagem de que o mais efetivo é a eliminação dos criadouros do inseto, com cuidados para evitar o acúmulo de água parada em pneus, potes, garrafas e outros recipientes.

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