sexta-feira, 31 de março de 2023


As recentes crises geopolíticas por Robert D. Kaplan

Especialmente depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), passamos a vivenciar, em nível mundial, grandes crises geopolíticas - e quem pensou que, depois da queda do Muro de Berlim e da queda do império russo, os Estados Unidos reinariam sozinhos e soberanos se enganou e viu a China crescer e tornar-se protagonista mundial.
A Mente Trágica (Avis Rara- Faro, 128 páginas, R$ 39,90, tradução de Fábio Alberti), de Robert D. Kaplan, consagrado jornalista, pensador e escritor best-seller é uma densa, criativa e instigante análise sobre as recentes crises geopolíticas. O grande mérito e diferencial da obra é que ela utiliza as lentes das tragédias literárias antigas e modernas (Shakespeare, filósofos alemães, dramaturgos gregos, clássicos modernos) para explorar os temas centrais da política internacional: ordem, desordem, rebelião, ambição, lealdade à família e ao estado, violência e os erros do poder.
O livro de Kaplan é fruto de uma vida inteira de viagens, reportagens sobre guerras, revoluções e política internacional na Europa, Oriente Médio e Leste Asiático. Kaplan escreveu vinte e um livros, foi repórter do The Atlantic por três décadas. Ele morou dezesseis anos no exterior, serviu por um ano nas Forças de Defesa de Israel e viveu nove anos entre Grécia e Portugal.
Para Kaplan, os grandes problemas da política internacional não são travados pelo bem contra o mal - o que seria uma escolha moral fácil - mas, isso sim, por disputas do bem contra o bem, em que as escolhas são muitas vezes abrasadoras, incompatíveis e repletas de consequências.
Como se vê, unindo com muita habilidade sua intensa prática jornalística e seus caminhos pelo mundo e teorias e legados de grandes autores como Ésquilo, Eurípides e Sófocles, Kaplan nos estimula a enxergar o mundo como ele é, entender as tragédias de nosso tempo e buscar novas visões políticas para enfrentar as duras questões que nos afligem cotidianamente. 

Lançamentos

O Guarda-Chuva Azul (Editora Melhoramentos, 32 páginas, R$ 39,90) da britânica Emily Ann Davison, com ilustrações de Momoko Abe, fala sobre empatia, diversidade e respeito com crianças e mostra como viver bem, com amor e solidariedade, em sociedade.

Sob efeito de plantas (Editora Intrínseca, 320 páginas, R$ 59,90) do célebre jornalista, professor e escritor Michael Pollan, autor do best-seller do N.Y. Times Como Mudar sua Mente, fala sobre drogas, plantas e seres humanos , desafiando nossas idéias sobre os temas até o momento e convidando-nos a novas visões.
A Nova Roma (Artêra-Appris, 215 páginas, R$ 26,90), livro-reportagem do talentoso e experiente jornalista e escritor Paulo Cannabrava Filho, mostra com dados consistentes como os Estados Unidos se transformam numa Washington Imperial através da exploração da fé religiosa de países da América.

Porto Alegre, muitas

Porto Alegre, tipo o livro Cidades Invisíveis do genial Italo Calvino, tem muitas cidades dentro de si, visíveis e invisíveis. Nossa açoarianazinha que é agora quase nada tímida, só tem 250 anos e é uma guria perto de Salvador, São Paulo ou Rio. Imagina só como vai ser quando completar 400 ou 500 anos. Portinho é boa de nascer, crescer junto, ficar amigo, namorar, noivar e casar. Portinho também pode ser um crush, ficante, ficante fixa e outros efes fixos...

Porto Alegre, especialmente em abril e outubro, os meses de melhores céus, humores e temperaturas, é ótima para ficar e segue um excelente lugar para voltar. No inverno é melhor fugir do frio, dos ventos, das chuvas e das rinites e sinusites e se mandar para algum lugar ensolarado. O Rio de Janeiro permanece como nosso pampa-mor de areia e, ultimamente, alguns friorentos estão criando uma colônia lá para os lados de Miami. Me disseram até que como tem muito gaúcho em Miami, resolveram criar atividades culturais por lá, onde sempre a coisa foi mais para banco, praia e shopping.

Grande coisa quem não pode e não quer sair de POA no inverno. Cobertores de orelha, lareiras, bebidas e comidas quentes nunca faltaram. Pinhão com quentão quebram o galho, junto com romanções de seiscentas páginas e overdoses de maratonas de séries na TV. Pensando bem, sempre foi legal viajar por aqui mesmo.

No velho Centro Histórico, na Cidade Baixa e nas ilhas dá para sentir cores e sabores dos Açores. Tomara que mais gente vá morar no centro e que ele ganhe a vida que tinha. Floresta, Moinhos, Bela Vista e Quarto Distrito são nossas Alemanha, Áustria, Polônia e Bélgica e segue o chope com sanduíche-aberto, nosso prato principal ao lado do churrasco e da feijoada.

Quem não está conseguindo ir para N. York pode aproveitar o Central Parcão, que está sendo revitalizado. A passarela entre as duas partes dele lembra o aterro do Flamengo e as casas geminadas da Félix da Cunha são Londres.

Para quem é mais chegado na Itália e na Toscana, é só chegar na Vila Nova ou Belém Velho e aí colinas verdejantes, pêssegos, uvas e outras frutas vão te lembrar da “bota” linda, ensolarada e colorida que tem uma primeira-ministra que já está durando um tempão, mais de três meses no cargo.

Japão é meio longe, mas vai na Praça Shiga, na Cristóvão, perto da antiga casa da Elis Regina ou no restaurante Sakae's ou nas outras dezenas de japas e aí tudo bem. Restaurantes chineses ainda temos muitos. Restaurantes árabes e hebraicos Porto Alegre tem. Se és chegado em arquitetura e jardins de características francesas, vai ali nos Jardins do Dmae e curte a pintura nova do Torreão e dos prédios que lembram Versailles. De repente leva uma baguete, queijinho, frutas e um tinto esperto e aí o picnic europeu, sem passaporte e euros, está garantido.

Porto Alegre é ainda cinemeira, teatreira, jazzista, cervejeira e território democrático de samba, hip-hop, funk, bossa nova, MPB e funk da melhor qualidade, se não quiseres viajar para ouvir jazz em New Orleans e adjacências.
A propósito
Então é isso. Porto Alegre é rica e diversa em muita coisa. Especialmente rica pelas mulheres mais inteligentes e bonitas do planeta. Em abril elas ainda estão bronzeadas. Viajar é bom, é ótimo, vá em frente. Viaje pelo mundo ou por Porto Alegre, que tem muitos mundos. Lá do morro Santa Tereza Portinho e suas colinas parecem São Francisco da Califórnia e o skyline do Centro lembra Manhattan. Tenha olhos de criança e de turista e viaje muito, inclusive na maionese da churrascaria Princesa Isabel. Portos Alegres são demais.

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