sexta-feira, 10 de março de 2023


10 DE MARÇO DE 2023
EXPODIRETO COTRIJAL

Lançamentos trazem novos sabores à agricultura familiar

O pavilhão da Agricultura Familiar se consagra como uma das maiores atrações da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, no norte de Estado. Este ano, são mais de 200 bancas expondo neste espaço, 45 delas participando da feira pela primeira vez. A exposição, que teve início na segunda- feira, chega ao fim hoje.

O sucesso do pavilhão já se confirma em vendas. Na quarta-feira, a comercialização no espaço somou R$ 622,4 mil. Na terça, um marco foi anotado: o faturamento no pavilhão quase dobrou em relação ao mesmo dia de feira no ano passado, superando R$ 413,5 mil em vendas - em 2022, foram R$ 233 mil. O valor acumulado nos três primeiros dias passa de R$ 1,2 milhão.

Na manhã de ontem, desde as primeiras horas, o local tinha corredores lotados de pessoas querendo provar as delícias da agricultura familiar. O espaço conta uma área de mesas e cadeiras ao fundo do pavilhão, opção de almoço para muita gente que visita o parque.

Entre as estreias, salame de búfalo, queijo de lavanda e geleia de alho negro são as grandes novidades da edição, já com aceitação de público.

De Passo do Sobrado, município que pleiteia reconhecimento como "a capital do búfalo" (o título ainda não foi registrado oficialmente, mas já tem até festa alusiva na cidade), saem as peças que estão fazendo o maior sucesso logo na entrada do pavilhão.

Vanessa Ferreira, hoje à frente da agroindústria Ferreira, era bancária há dez anos e montou a empresa em plena pandemia. Ela conta que pegou gosto pelas feiras depois da estreia na última Expointer, quando ainda não fabricava salame, e então resolveu apostar na atividade e testar novos produtos. Foi aí que surgiu a ideia do salame de búfalo, que levou quatro meses para ser desenvolvido.

- É a oportunidade de falar da nossa história, de divulgar o município e de falar das vantagens que a carne de búfalo traz - diz Vanessa, que focou nos estudos para tal e fez uma pós-graduação em Engenharia de Alimentos para se aperfeiçoar.

Os benefícios para a saúde são vários, lista a produtora: a carne é rica em ômega 3, tem menos colesterol, menos gordura e mais proteína que um salame tradicional. E a propaganda tem surtido efeito. O salame é o produto mais vendido da banca e tem embalagens de três tamanhos, de 250g, meio quilo e 1kg. Os preços vão de R$ 18 a R$ 65.

Os clientes que experimentam uma prova gostam do sabor, e acham o salame mais leve.

- Muito bom! Já estamos levando. É bem temperado, mas não é forte. Tem diferença (do salame tradicional), mas para melhor - atestam Pedro e Clarice Florão, criadores de ovelhas e peixes em Nicolau Vergueiro.

O sucesso já motiva a criação de novos produtos com a carne de búfalo, como salsichão para assar e hambúrguer, que devem ser lançados futuramente.

Lavanda

No corredor ao lado, Jackson Jacobs, de Teutônia, é um verdadeiro caçador de inovações, e com esse espírito apresenta na Expodireto o queijo de lavanda.

À frente da Dorf Queijaria, Jacobs já produzia queijo tradicional e demais tipos temperados, mas foi incentivado a investir em um novo sabor por um produtor de lavandas de Morro Reuter, que sugeriu a harmonização.

- É um projeto inovador e já estamos desenvolvendo outros dois temperados especiais. A ideia é trabalhar um produto diferente. Se tem a possibilidade, por que não? Vamos testar! Isso desperta curiosidade e é o que motiva a não fazer mais do mesmo - diz Jacobs.

O caminho de desenvolvimento foi desafiador. No Brasil, a lavanda não é reconhecida pela Anvisa para consumo humano, então a maior dificuldade foi o registro do produto, que precisou se basear em uma normativa dos Estados Unidos, já que lá o uso é reconhecido, conta o produtor. As comprovações e análises microbiológicas foram todas aprovadas e a Anvisa deu o aval. No mundo, Alemanha e Suíça são países que já fabricam queijos semelhantes com a lavanda.

O queijo é feito com as folhas e as flores desidratadas da planta. De início, muita gente estranha e acha a combinação exótica, mas, depois, aprova.

- Antes de provar, alguns associam que é para limpar a casa. A gente já brinca que é para fazer uma limpeza interna, mas não tem nada disso! - diverte-se Jacobs.

O sabor é de um queijo agridoce, de massa firme e aromático.

- É bom! Bem a florzinha, né! Mas gostoso. É um pouquinho mais doce - garante Tainara Daumling, assessora empresarial.

 BRUNA OLIVEIRA

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