06 de setembro de 2015 | N° 18286
MARTHA MEDEIROS
Homens e mulheres: por que isso nunca vai dar certo
Amada, não se apavore com esta mensagem, apenas preste atenção. Sofri um acidente. Silvia me trouxe para o hospital. Vou entrar em cirurgia daqui a pouco, os médicos estão apenas esperando o resultado de alguns exames. Fui atropelado por uma moto. Sofri alguns cortes profundos nas costas e meu joelho está destroçado. Dói muito, mas estou tentando ser forte. O sangramento já foi contido. Por favor, venha assim que puder, estou no setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Purificação, entrada pelos fundos.
O atropelador fugiu, mas duas testemunhas se apresentaram para prestar depoimento. Há uma capela aqui, reze pelo seu marido. Traga a carteirinha do convênio. O celular está comigo, como você pode perceber. Avise o pessoal do escritório. Não demore. Amo você.”
“Quem é Silvia?”
Querido Ricardo, não adianta falar pessoalmente porque você não me escuta, então resolvi mandar essa mensagem pelo Face, onde fico mais à vontade para me abrir. Depois do que aconteceu na terça-feira, eu refleti muito e concluí que você não está levando em consideração tudo o que faço para salvar nosso namoro: me dedico à sua família, à sua casa, aos seus amigos, isso sem me descuidar um minuto da nossa relação.
Sempre fui solícita aos problemas de todos, enquanto que você não presta atenção em nada relacionado a mim, sempre focado na sua cerveja, no seu time e nas necessidades imediatas do seu dia a dia, nunca atento ao que realmente interessa e sem perceber como me deixa sobrecarregada. Custa você ser mais participativo?
Claro que custa, você só tem olhos para o próprio umbigo. Provavelmente se considera um eleito que nada precisa fazer a não ser existir, e os outros que se encarreguem dos problemas. Cansei, Ricardo. Essa mensagem é para dizer que estou indo embora. Terminamos aqui. Vou em busca de alguém que divida comigo as preocupações e os prazeres, que queira investir em mim, em um futuro partilhado, que deseje filhos e um teto em comum. Você só me enrola e já percebi que jamais irá dizer o que desejo escutar. Estou destruída, mas vou me reerguer. Nem perca seu tempo me procurando, não mudarei de ideia, não importa o que você diga.”
“O que aconteceu na terça-feira?”
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