06
de fevereiro de 2015 | N° 18065
MOISÉS
MENDES
Quem roubou o
quê
Chegaram
ao Vaccari, o tesoureiro do PT. Vão chegar a outros que não terão a chance de
se fingir de vítima do esquema que saqueava a Petrobras. Só um grupo pode
fingir, o dos empreiteiros, e isso é o que preocupa seu Mércio.
Imagine
se os empreiteiros pedirem indenização da Petrobras. Seu Mércio acha que só o
que falta no Brasil é alguém pagar indenização a empreiteiro corruptor. Os
empreiteiros têm dito que, sem a propina, o Cerveró, o Costa, o Duque, o
Barusco e seus parceiros não fechariam os contratos das obras. É dano moral. O
clube das grandonas ficaria sem serviço.
Seu
Mércio raciocina. Isso quer dizer que outras firmas, como a Zé & Irmãos
Unidos para Reformas em Geral, poderiam assumir as grandes obras? Seu Mércio é
guarda de rua na Aberta dos Morros. Ele sabe que o juiz Sérgio Moro fará o
serviço completo porque mirou o foque na área sombreada das propinas.
É
nas sombras que estão as empreiteiras e outras predadoras (aparecerão mais
adiante?) que se apossaram da Petrobras. Todas pagavam comissões para
superfaturar obras.
O
superfaturamento inflou artificialmente o patrimônio da estatal em R$ 88
bilhões. A propina era a mesada que os corruptos recebiam e compartilhavam com
políticos e amigos.
Só
para comparação, os R$ 88 bilhões equivalem a duas fortunas de Jorge Paulo
Lemann, o homem mais rico do Brasil. Os R$ 88 bilhões são o dinheiro roubado
pelos empreiteiros. O resto é o troco da máfia da propina. Sim, a máfia
corporativa ficava com o troco.
Por
respeito à inteligência alheia, seu Mércio pede que parem de ver os
empreiteiros como vítimas. Seu Mércio sabe que os diretores da Petrobras eram
capachos dos empreiteiros de grife presos na carceragem da PF em Curitiba.
Todos
os corruptos trabalhavam para os homens da Camargo Corrêa, OAS, Odebrechet,
Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Iesa e outras. Não fique com pena deles, nem da
Graça Foster, do Cerveró ou do Vaccari.
Tenha
pena do doleiro Alberto Youssef, flagrado fumando maconha na cadeia. Ele ficará
sem o baseado. Sem erva da boa, pode entrar em depressão e ser hospitalizado de
novo no dia da eleição, como aconteceu no ano passado. E teremos, bem na hora
da votação, o boato de que o doleiro foi envenenado, desta vez com maconha
estragada.
Mas
isso só acontecerá em 2018, porque a turma do Youssef não perde tempo com
hospitalizações às vésperas de eleição municipal.
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