sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Jaime Cimenti

A feira sexygenária das imortalidades

Nossa sexygenária Feira do Livro é algo além, muito além do que o mais do mesmo cada ano melhor e mais moderno. Um dia, a feira vai se espraiar da esquina da Rodoviária até o Gigante da Beira-Rio, um dos maiores centros de energia boa do planeta, que vai acolher os livros com carinho colorado.

Livros, livros de papel. Ainda existem alguns apocalípticos tontos dizendo que o livro impresso vai morrer, que será tudo eletrônico. Sei lá, faz milênios que esses coveiros frustrados de enterros concorridos falam em morte do teatro, da música boa, do livro impresso, dos jornais em papel, de Deus, da morte e não sei mais do quê. Estou prevendo a morte deles, a morte da morte e mais a morte das previsões. Mas não se assustem. De previsões, de pesquisas variadas e de algumas questões sociais, não entendo nada e nem quero entender. Só quero amar. Nem quero dinheiro.

Tomara que o livro impresso seja imortal como alguns escritores e times, que, coitados, por vezes não têm onde caírem mortos e encararam, brava e solenemente, os tempos e os espaços infinitos da eternidade.

Esses dias li que um executivo de uns 35 anos, de uma empresa de mídia eletrônica de Nova Iorque, em casa, pede que o filho de cinco anos leia, ao menos um livro impresso por dia. Ele acha que as luzes, as barulhinhos e os outros inhos dos tablets não estimulam a fantasia, a inteligência e a imaginação do mesmo modo que a leitura silenciosa e concentrada dos livros de papel. Concordo, acho que faz sentido.

Nada contra esse mundo high tech, abarrotado de sons e imagens que nos deixam atarantados, acompanhados por milhões de seres, mas, ao mesmo tempo, carregando a solidão nas pontas dos dedos infatigáveis atrás de fotos, palavras , sons e notícias que já estão velhas antes de a gente tomar conhecimento delas.

Viva o livro impresso, os perfumes do papel e da tinta, o olhar calmo, os sons do silêncio, as fantasias sem pressa e a liberdade incomparável e sem tamanho que só a leitura quieta é capaz de proporcionar. Viva o carinho das mãos nos livros impressos. Desculpem a conversa meio antiga, mas é que o livro impresso não é moda, não está na moda e nem moderno é. Eterno, claro, isso é o que ele sempre foi, é e será. Que nem a feira, filha mais moça e preferida dele.

Jaime Cimenti

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