quarta-feira, 29 de outubro de 2014


29 de outubro de 2014 | N° 17967
PAULO SANT’ANA

A casca de banana

Vou contar uma piada que já contei muitas vezes aqui, só que agora traçarei logo a seguir uma sinopse.

Um português vinha caminhando sobre a calçada quando, a 20 metros a sua frente, viu uma casca de banana no chão.

O português disse: “Ih, outro tombo!”.

1) Como se nota no relato acima, o português sabia que ia escorregar na casca de banana pelo seguinte fato objetivo: sempre que havia uma casca de banana sobre a calçada, o português escorregava nela.

2) Era muito grande o azar do português. Não ia ser daquela vez, em que ele tinha avistado a casca de banana de longe, que iria escapar do escorregão.

3) Parecia ao português uma fatalidade: toda vez que alguém escorregava em uma casca de banana, ao que soubesse, quem escorregava era um português.

4) O português, por um estranho desígnio de sua inteligência, intuía que, se existe uma casca de banana na calçada, ela existe para que o português escorregue nela.

5) Todas as coisas que existem em cima de uma calçada, desde o corrimão de apoio até a lata de lixo, têm uma utilidade. Logo, a única propriedade de uma casca de banana esparramada na calçada é para que alguém escorregue. E, como já se viu para o nosso português em questão, só podia ser um português que escorregasse.

6) Está bem, pensou o português, não só os portugueses escorregam em cascas de banana, todos os nacionais assim o fazem. Mas não era o caso daquela casca de banana, as outras todas eram escorregadas pelos primeiros que passavam pelas cascas de banana nas calçadas. Só que o português avistou aquela casca de banana e seria o primeiro a passar por ela. Então, por uma questão lógica, o português teria que obrigatoriamente escorregar naquela casca de banana, era uma determinação do destino.

O português pensava também que em toda a sua vida já escorregara 57 vezes em cascas de banana. E pensou mais ainda: não ia ser desta vez que ia deixar de escorregar naquela casca de banana só porque a avistara com antecedência.


Era bater e valer.

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