segunda-feira, 6 de outubro de 2014


06 de outubro de 2014 | N° 17944
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

A VOLTA DA BOA MOÇA MÁ

Ela voltou! The Good Wife is back, para gáudio (e esse colunista adora uma palavra bem velhinha como “gáudio”) dos fãs da melhor série em TV aberta americana, em sua sexta e nova temporada. A chave do sucesso contínuo, caros leitores, é simples: eles aumentaram o teor de maldade da mocinha, Alicia, a ex-good wife e atual advogada badass da sua própria firma.

Algo sobre o que venho falando aqui na coluna é a expansão das protagonistas femininas no mundo das séries. Mulheres centrais, mulheres em posições de comando, em todos os sentidos, e mais revolucionário: histórias criadas e narradas a partir de um ponto de vista feminino. Assim é, assim vai ser, melhor se acostumar.

Alicia começa como esposa dedicada, criando os filhos enquanto o maridão bota pra quebrar. Ela entra para uma firma de alto calibre, tem um caso com o ex-colega Will e volta para o marido, agora bonzinho. Macho, só domesticado. Mulheres, só como ela mesma, Alicia, ou como a poderosa Diane Lockhart, ou como a pansexual Kalinda.

Da boazinha traída, Alicia parte para a construção de uma personagem dramaticamente nova, e aí está no que a nova TV se separa da TV de antes ou do cinema. Alicia navega em um mar de amoralidade suprema, onde seu cliente lorde das drogas faz e acontece, sem que ela pense em algo a não ser os milhões de faturamento que ele gera.

Clientes assassinos seguem lépidos e faceiros, advogados se portam como feras em uma selva bem pior do que as planícies africanas, a lei é um fator a ser considerado, mas outros são mais consideráveis, e tudo bem. Para Alicia, esse é o jogo, e ela quer vencer.

Alicia é a representante da nova mulher, que, ao se ver sem homem, vê-se livre. Ela até volta ao homem, mas não sem deixar claro que, daqui pra frente, tudo, tudo vai ser diferente.


Para saber o quanto diferente, só mesmo assistindo a essa e às demais temporadas de The Good Wife. E, se de vez em quando bater um medo, bom, lide com ele. Porque como era, não volta, mas nunca mesmo, a ser.

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