sábado, 25 de outubro de 2014


26 de outubro de 2014 | N° 17964
EDITORIAL Zh

UM DESAFIO DO TAMANHO DO BRASIL: CRESCER SEM EXCLUIR

O país está diante daquilo que o ex-ministro Delfim Netto chama de “desagradável verdade” – a certeza de que primeiro é preciso produzir riqueza para depois distribuí-la.

O vencedor da eleição presidencial deste domingo tem uma missão inadiável: promover ajustes econômicos que permitam ao país retomar o caminho do crescimento para evitar um mergulho ainda mais profundo na recessão iminente. E terá que combater o mal da estagnação sem impor retrocesso social, para que as conquistas obtidas desde que a inflação foi controlada não se percam com o tratamento.

Com continuidade ou alternância, a correção de rumo é inadiável, pois o atual governo já esgotou vários recursos para enfrentar a crise. A própria presidente Dilma Rousseff admite a necessidade de uma nova política econômica, tanto que antecipou o anúncio de substituição do ministro da Fazenda.

Apesar dos temores do mercado, manifestados a cada nova pesquisa eleitoral, é praticamente certo que as mudanças virão. Também é inevitável que o próximo governo, seja o da continuidade ou o da alternância, confirme expectativas inequívocas da população, tanto em relação ao combate à corrupção quanto na melhora da qualidade dos serviços públicos e na manutenção dos programas sociais e do pleno emprego.

Não há solução mágica, mas as dificuldades podem ser vencidas com trabalho, seriedade e transparência. O país está diante daquilo que o ex- ministro Delfim Netto chama de “desagradável verdade” – a conclusão de que primeiro é preciso produzir a riqueza para depois distribuí-la.

E, para que o Brasil volte a produzir nos patamares necessários, o governante eleito certamente terá que aplicar remédios amargos, que até podem causar desgaste político. Mas é justamente um presidente recém eleito o que tem mais legitimidade para tomar tais medidas.

Também consideramos urgente e inadiável o desaparelhamento político das empresas estatais, o combate implacável à corrupção, investimentos consistentes em infraestrutura, enfrentamento das reformas inconclusas e foco prioritário no setor produtivo.

Sem essa troca de marcha na política econômica, dificilmente o país superará a estagnação. Pelas recentes manifestações dos dois candidatos, ambos estão conscientes disso. Espera-se, portanto, que o vencedor encare a desagradável verdade apontada pelo ex- ministro e trabalhe com firmeza e sensatez pela recuperação da economia e do país.

EDITORIAL PUBLICADO ANTECIPADAMENTE NO SITE DE ZERO HORA, NA QUINTA-FEIRA, COM LINKS PARA FACEBOOK E TWITTER. COMENTÁRIOS SELECIONADOS ATÉ AS 18H DE SEXTA. A QUESTÃO: VOCÊ CONCORDA QUE O PAÍS PRECISA PRIMEIRO PRODUZIR PARA DEPOIS DISTRIBUIR A RIQUEZA?

O LEITOR CONCORDA

Concordo, discordando: certamente algumas fatias do bolo devem continuar sendo oferecidas àqueles que mais necessitam. Exemplos do que estou falando são o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e outros programas de inclusão social. Todavia, esses programas apenas resgatam o mínimo para sobrevivência animal e reprodução de mão de obra barata.

Um país necessita de infraestrutura, transporte público decente, segurança, saúde, educação de qualidade, licitações honestas, impostos justos, arrecadação eficiente. O país precisa investir em tecnologia, atrair investimentos, reter talentos e acima de tudo mostrar para o mundo que somos um país sério. Criar políticas afirmativas para o resto do mundo compreender que a nossa democracia não é a caricatura de um populismo emergente, e sim um país que atingiu a maioridade e que quer ser tratado como tal.

CARLOS RENATO DOS SANTOS COSTA SANTA CRUZ DO SUL (RS)

O LEITOR DISCORDA

Discordo. É preciso que todos tenham igual oportunidade de adquirir os bens produzidos, já que essa teoria do derrame econômico só gera mais concentração de renda. O aumento da produção tem que acontecer ao mesmo tempo em que as desigualdades diminuem.

DANIEL SILVA SANTA MARIA (RS)

DIÁLOGOS DO FACEBOOK

LUIS SOUSA

Discordo dessa concepção velha, ou seja, o editor deve

ser filho de rico, o qual já tem tudo sem ter feito esforço.

RODRIGO MORANDI OSÓRIO

Não mesmo! Tentaram fazer isso nas décadas de 60, 70 e o resultado foi o aumento da desigualdade social.

LUIZA IZAURA NIENOW

Só a Petrobras consegue distribuir riquezas sem produzir.

RAFAEL TATSCH

Só os esquerdosos acham isso errado.

PAULO BORGES DA SILVA


É, mas o Brasil já tem riqueza, porém é distribuída entre os que fazem parte da corja. Imagine se trabalho político fosse voluntário.

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