26
de outubro de 2014 | N° 17964
EDITORIAL
Zh
UM DESAFIO DO TAMANHO DO BRASIL:
CRESCER SEM EXCLUIR
O
país está diante daquilo que o ex-ministro Delfim Netto chama de “desagradável
verdade” – a certeza de que primeiro é preciso produzir riqueza para depois
distribuí-la.
O
vencedor da eleição presidencial deste domingo tem uma missão inadiável:
promover ajustes econômicos que permitam ao país retomar o caminho do
crescimento para evitar um mergulho ainda mais profundo na recessão iminente. E
terá que combater o mal da estagnação sem impor retrocesso social, para que as
conquistas obtidas desde que a inflação foi controlada não se percam com o
tratamento.
Com
continuidade ou alternância, a correção de rumo é inadiável, pois o atual
governo já esgotou vários recursos para enfrentar a crise. A própria presidente
Dilma Rousseff admite a necessidade de uma nova política econômica, tanto que
antecipou o anúncio de substituição do ministro da Fazenda.
Apesar
dos temores do mercado, manifestados a cada nova pesquisa eleitoral, é
praticamente certo que as mudanças virão. Também é inevitável que o próximo
governo, seja o da continuidade ou o da alternância, confirme expectativas
inequívocas da população, tanto em relação ao combate à corrupção quanto na
melhora da qualidade dos serviços públicos e na manutenção dos programas
sociais e do pleno emprego.
Não
há solução mágica, mas as dificuldades podem ser vencidas com trabalho,
seriedade e transparência. O país está diante daquilo que o ex- ministro Delfim
Netto chama de “desagradável verdade” – a conclusão de que primeiro é preciso
produzir a riqueza para depois distribuí-la.
E,
para que o Brasil volte a produzir nos patamares necessários, o governante
eleito certamente terá que aplicar remédios amargos, que até podem causar
desgaste político. Mas é justamente um presidente recém eleito o que tem mais
legitimidade para tomar tais medidas.
Também
consideramos urgente e inadiável o desaparelhamento político das empresas
estatais, o combate implacável à corrupção, investimentos consistentes em
infraestrutura, enfrentamento das reformas inconclusas e foco prioritário no
setor produtivo.
Sem
essa troca de marcha na política econômica, dificilmente o país superará a
estagnação. Pelas recentes manifestações dos dois candidatos, ambos estão
conscientes disso. Espera-se, portanto, que o vencedor encare a desagradável
verdade apontada pelo ex- ministro e trabalhe com firmeza e sensatez pela
recuperação da economia e do país.
EDITORIAL
PUBLICADO ANTECIPADAMENTE NO SITE DE ZERO HORA, NA QUINTA-FEIRA, COM LINKS PARA
FACEBOOK E TWITTER. COMENTÁRIOS SELECIONADOS ATÉ AS 18H DE SEXTA. A QUESTÃO:
VOCÊ CONCORDA QUE O PAÍS PRECISA PRIMEIRO PRODUZIR PARA DEPOIS DISTRIBUIR A
RIQUEZA?
O
LEITOR CONCORDA
Concordo,
discordando: certamente algumas fatias do bolo devem continuar sendo oferecidas
àqueles que mais necessitam. Exemplos do que estou falando são o Bolsa Família,
Minha Casa Minha Vida e outros programas de inclusão social. Todavia, esses
programas apenas resgatam o mínimo para sobrevivência animal e reprodução de
mão de obra barata.
Um
país necessita de infraestrutura, transporte público decente, segurança, saúde,
educação de qualidade, licitações honestas, impostos justos, arrecadação
eficiente. O país precisa investir em tecnologia, atrair investimentos, reter
talentos e acima de tudo mostrar para o mundo que somos um país sério. Criar
políticas afirmativas para o resto do mundo compreender que a nossa democracia
não é a caricatura de um populismo emergente, e sim um país que atingiu a
maioridade e que quer ser tratado como tal.
CARLOS
RENATO DOS SANTOS COSTA SANTA CRUZ DO SUL (RS)
O
LEITOR DISCORDA
Discordo.
É preciso que todos tenham igual oportunidade de adquirir os bens produzidos,
já que essa teoria do derrame econômico só gera mais concentração de renda. O
aumento da produção tem que acontecer ao mesmo tempo em que as desigualdades
diminuem.
DANIEL
SILVA SANTA MARIA (RS)
DIÁLOGOS
DO FACEBOOK
LUIS
SOUSA
Discordo
dessa concepção velha, ou seja, o editor deve
ser
filho de rico, o qual já tem tudo sem ter feito esforço.
RODRIGO
MORANDI OSÓRIO
Não
mesmo! Tentaram fazer isso nas décadas de 60, 70 e o resultado foi o aumento da
desigualdade social.
LUIZA
IZAURA NIENOW
Só a
Petrobras consegue distribuir riquezas sem produzir.
RAFAEL
TATSCH
Só
os esquerdosos acham isso errado.
PAULO
BORGES DA SILVA
É,
mas o Brasil já tem riqueza, porém é distribuída entre os que fazem parte da
corja. Imagine se trabalho político fosse voluntário.
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