segunda-feira, 13 de outubro de 2014


13 de outubro de 2014 | N° 17951
MARCELO CARNEIRO DA SILVA

O amor entre os piores seres

No mundo das pessoas boas, você diz “You’re the best” quando encontra alguém ainda mais legal do que você mesmo. Pois nossos protagonistas, Jimmy e Gretchen, estão longe disso, muito, muito longe mesmo. Eles são egoístas, cínicos, aproveitadores da bondade alheia, com ou sem permissão de suas vítimas.

Eles abusam, ofendem, ignoram, destratam, humilham a todos ao redor, com raríssimas exceções, enquanto, ora vejam, vão construindo o seu caso de amor, estranho amor. Por isso mesmo, a série se chama You’re the Worst – e acaba de ter garantida a segunda temporada. Sorte a nossa.

Em uma cena definidora, Gretchen admite um pecado cometido nos tempos de escola ao seu amante eventual, Ty, que reage com escândalo. Gretchen testa Jimmy confessando o mesmo crime a ele, enquanto os dois estão na cama. Jimmy reage como Gretchen gostaria, admirando-a ainda mais. Ela é tão capaz de maldades quanto ele, e os dois se sentem mais do que apaixonados, cúmplices em um mundo que não os entende.

Dois tipos desse calibre até se apaixonam, mas não sem tentar o possível para evitar a emoção ou o compromisso. O que acontece é que você pode ser um péssimo ser humano e ainda assim ser capaz de amar. Jimmy ama Gretchen, mesmo que isso lhe pareça muito esquisito. Ele reluta em admitir, e o que muda o seu ponto de vista é o monstro de olhos verdes, o ciúme.

Gretchen é uma bisca, mas fica muito bem de vestido curto, e homens a desejam. Jimmy é homem demais para não se sentir incomodado com o espaço de liberdade que ele mesmo cria para os dois. Gretchen é um exemplar da nova mulher e, se deixam, ela vai.


Jimmy descobre que não quer que ela vá, e assim, muito a contragosto, é forçado a admitir: querendo, ou não, entendendo ou não, sabendo o que fazer, ou não, eles são um casal, e como todos os casais de verdade foram feitos um para o outro.

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