27
de outubro de 2014 | N° 17965
ARTIGO
- PAULO BROSSARD*
O PRESENTEQUE EU QUERIA
A
democracia é uma conquista de todos os dias, sujeita a possíveis deslizes e,
por isso, deve ser dia a dia cuidada com a devida atenção. Não seria sequer de
imaginar-se que, nos dias de hoje, seriam mundialmente reconhecidos como
induvidosos os amazônicos escândalos do mensalão e do petrolão, e parece que
eles podem expelir outros de porte semelhante.
A
mim parece que os níveis corruptores chegaram ao máximo. Mas há outros que, parecendo
menos graves, são assim recebidos; quando sua perniciosidade é intensa. Como é sabido,
nos períodos eleitorais a lei assegura aos partidos o acesso aos meios de
comunicação, o que foi e continua sendo de excepcional utilidade, uma vez que
eles são gratuitos.
Pois
agora verifica-se a ocorrência de fenômeno, lamentável, sob o ponto de vista ético,
histórico e social dos partidos que, por esta ou aquela razão, com o tempo a
eles garantido, baixaram o nível do debate político. Por vezes, lembram marqueteiros
os ocupantes de tempo destinado aos debates políticos. A agressão desmedida,
pregando até a secessão regional e de classes, tornou o ambiente eleitoral
quase irrespirável.
Gostaria
de celebrar o processo eleitoral, que muito evoluiu, mas não seria honesto se
calasse diante da explícita felonia praticada contra o Estado de direito. A
ameaça à liberdade de imprensa e a existência de um decreto que visa a
instituir organismos para subtrair os poderes dos representantes legitimamente
eleitos estão diante dos nossos olhos, disfarçados sob o inocente nome de
participação direta, que pode ser tudo, menos democracia.
Nas
minhas nove décadas de caminhada, nunca perdi a fé e a esperança, e com os
olhos nelas é que desejo aos vencedores das eleições que tenham bom sucesso e
restaurem a paz e a harmonia entre os brasileiros, sempre necessárias,
fortalecendo a democracia.
*Jurista,
ministro aposentado do STF
>i>PAULO
BROSSARD
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