segunda-feira, 6 de outubro de 2014


06 de outubro de 2014 | N° 17944
OBITUÁRIO

Jornalismo perde Maria Isabel Hammes

EDITORA E COLUNISTA de Zero Hora morreu no final da tarde de ontem, no momento em que começava mais uma apuração eleitoral, momento que tanto apreciava cobrir

Referência no jornalismo econômico do Rio Grande do Sul, a editora e colunista de Zero Hora Maria Isabel Hammes morreu no final da tarde de ontem, aos 55 anos, em decorrência de um câncer diagnosticado no início de junho. Bela, como era conhecida, estava internada no Hospital Mãe de Deus. Casada havia 32 anos com o repórter fotográfico Carlos Rodrigues, 69 anos, a titular da coluna +Economia deixa os filhos Tomás, 30, jornalista, e Felipe, 26, relações-públicas. O velório será realizado a partir das 8h30min de hoje, no Crematório Metropolitano São José, na Capital. A cerimônia de despedida está marcada para as 17h.

“Foi-se a gargalhada mais gostosa e alta da Redação, uma ‘mãe’ de todos nós, uma baita jornalista”, lamentou Marta Gleich, diretora de redação de ZH, em e-mail enviado aos colegas no final da tarde de ontem, quando a equipe, mobilizada em grande número, estava atenta aos primeiros resultados da apuração das urnas por todo o país. A cobertura de eleições sempre foi uma das tarefas preferidas de Bela.

Inspirada pelo pai, o jornalista Hugo Hammes, Bela ingressou no curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em 1977. Iniciou a carreira profissional na extinta Folha da Tarde, da Companhia Jornalística Caldas Júnior, em 1980 – o convite para a vaga surgiu poucas horas depois da cerimônia de formatura.

Quatro anos depois, a jornalista passou a atuar na sucursal de Porto Alegre do jornal O Estado de S.Paulo. Ingressou em Zero Hora para um período como freelancer, durante o pleito eleitoral de 1988, e foi contratada logo depois, em dezembro, como repórter. Durante os quase 26 anos de trabalho na empresa, exerceu as funções de chefe de produção, editora e colunista. Versátil, produzia reportagens sobre consumo popular, análises empresariais e avaliações de macroeconomia.

– É uma perda enorme. A sua coluna tinha uma visão inteligente dos cenários econômicos, sempre com uma extrema sensibilidade política e humana – disse Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau.

Bela manuseava um catálogo de telefones improvisado em um bloco de papel com quase todas as folhas soltas que chamava carinhosamente de “a agenda louca”.

– Embora estivesse anos à frente de mim, ela enfatizava que eu não era a assistente dela, e sim a colega. Uma pessoa maravilhosa, capaz de parar tudo para resolver os problemas dos outros, para achar um telefone para alguém, para escutar, para dar risada, para ser feliz – contou a estudante de jornalismo Louise Bragado.

JORNALISTA ERA OTIMISTA COM TRATAMENTO MÉDICO

Pouco depois do diagnóstico da doença, a comoção de quem convivia com Bela motivou o início de uma corrente de apoio no Facebook. Dezenas de amigos e familiares postaram fotos segurando cartazes com a frase “Tamo contigo, mamãe”.

– Ela ficou muito emocionada. Tocou fundo nela. Ela sabia que era querida, mas nunca imaginou que o carinho que os colegas tinham por ela fosse tão grande – relembra o marido.

Em um e-mail à redação em 27 de junho, Bela agradeceu manifestações de afeto, mostrando-se muito confiante no tratamento. “As mensagens provocaram um tsunami de emoções por aqui: chorei pra caramba, claro, mas nada de tristeza, só de felicidade por ver a ligação de vocês comigo”, escreveu.


Bela deixa também o pai, Hugo, 88 anos, e as irmãs Clarissa, Gisela e Maria Elisa.

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