15
de outubro de 2014 | N° 17953
PAULO
SANT’ANA
Rotina de assassinatos
Acena
do traficante que foi morto com um tiro na cabeça em leito de um hospital em
POA remete para o raciocínio de que os criminosos não respeitam nem os lugares
teoricamente sagrados como as igrejas e os hospitais (locais em que se procura
a cura do corpo ou das feridas da alma).
O
traficante tinha já sido vítima de um atentado, no qual sobreviveu, e foi
recolhido ao hospital.
Como
os autores do atentado souberam que ele tinha se salvado, correram para o
hospital onde convalescia de uma cirurgia. E um deles penetrou na enfermaria e
matou com um tiro na cabeça aquele que convalescia agora de uma operação e de
um atentado.
Foi
um crime fácil de perpetrar, os atendentes de um hospital nem desconfiam de que
se vá praticar um homicídio ali dentro.
No
entanto, não entendo como é que as autoridades, conhecendo que esse tipo de vítima
possa estar sendo procurado para que seja executado, não tenham cautela para
evitar a morte de uma tal pessoa assim marcada para morrer.
Este
episódio é mais um que se inclui apenas na série assustadora de homicídios à bala
que têm ocorrido no RS.
Não
passa dia sem que pelo menos um homicídio triplo ocorra entre nós em forma de
execução.
É bala
e bala, é morte e morte. Nem parece que há pouco tempo tentaram entre nós um
estatuto do desarmamento. Qual nada, se desarmaram, desarmaram os justos, os
bandidos continuam cada vez mais armados.
Tenho
notado que a imprensa, em face da normalidade dos homicídios, está com a tendência
de desvalorizá-los como notícia, dando pouco espaço a esse extermínio.
É a
tal coisa, os homicídios se banalizaram.
A
impressão que passa é de que os bandidos não temem a retaliação da Justiça e se
afundam em matar, tendo certeza de que não serão punidos.
Ou
até mesmo, então, os bandidos nem sabem que sua conduta homicida é punível,
eles parecem transitar no meio social como se estivessem comendo pipocas ou
pedalando bicicletas.
A
morte provocada por tiros de revólver passou a ser cena de frequente
normalidade.
Todos
os dias, os rabecões passam e recolhem os cadáveres dos tiroteios desenfreados.
Virou
uma rotina de cotidiano, embora sinistra.
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