12 de outubro de 2014 |
N° 17950
PAULO SANT’ANA
Os pesadelos
Tenho tido, nos últimos 15 dias,
pesadelos consecutivos durante as noites, enquanto durmo.
Muitos desses pesadelos
referem-se a sérias preocupações minhas, casos em que me acordo com sobressalto
e com dificuldade para retomar o sono.
Esses pesadelos revelam que os
fatos que os envolvem estão a martelar insistentemente o meu cérebro, ou seja,
vou dormir pensando neles, que retornam a me assombrar durante o sono.
Já dormi durante milhares de
noites, mais precisamente 27.405 noites, nesses meus 75 anos de idade.
Penso que pode acontecer que,
numa noite destas, eu não me acorde, ou seja, venha a morrer durante o sono.
Ouço pessoas dizerem que
gostariam de morrer dormindo, isso por um lado quer dizer que elas não
pretendem morrer no bojo de uma doença, com sofrimento.
Mas morrer dormindo, fico
pensando, deve ser chato, não sobrevém qualquer aviso da morte, e a gente se
vai assim para o outro mundo sem a solenidade de uma doença.
Morrer de infarto também é um
acidente, mas pelo menos por alguns segundos a dor no peito sobrevém e nos faz
refletir sobre aqueles instantes de despedida da vida.
E fico a pensar no que acontecerá
logo após a parada do nosso coração.
Será que em seguida à morte
seremos recebidos por anjos para sermos conduzidos perante o Senhor?
Será que o Senhor se dignará a
nos dizer algumas palavras e logo após procederá aos trâmites do nosso ingresso
no Céu, no Purgatório ou no Inferno?
Ou simplesmente não haverá nada
disso, e ingressaremos no Nada, no Nirvana, no vazio?
Mas, se for assim, não pagaremos
com nenhum castigo ou não seremos recompensados, conforme tenhamos sido, bons
ou maus?
Como será a morte, afinal? Até
agora não voltou ninguém de lá para nos dizer como ela é.
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