24
de outubro de 2014 | N° 17962
EDITORIAL
ZH
O ÚLTIMO ATO
O
debate programado para a noite desta sextafeira, na Rede Globo, será o último
confronto público entre os candidatos à Presidência da República e também a
derradeira oportunidade para que os dois pretendentes ao principal cargo
executivo do país convençam particularmente os eleitores indecisos de que são a
melhor opção para o governo.
Serenada
a animosidade dos primeiros debates e selado o pacto de não agressão, esperase
que a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) aproveitem
o momento de extrema visibilidade para se comprometer com as demandas reais da
população, que podem ser sintetizadas nos seguintes pontos: um país com
democracia estável, economia sólida, inflação controlada, segurança, saúde e
educação em patamares dignos.
Um dos
aspectos promissores do confronto em rede nacional marcado para hoje será justamente
a oportunidade oferecida a eleitores indecisos, selecionados em todo o país, de
formularem questões sobre temas de interesse nacional. Os brasileiros ainda sem
voto definido são os que mais se mostram resistentes ao tom agressivo
predominante em situações anteriores, nas quais os pretendentes ao Planalto
ficaram frente a frente.
Terão,
portanto, uma oportunidade importante de alterar uma pauta que, de maneira
geral, até agora foi ditada mais pelos dois postulantes à Presidência. A
campanha eleitoral, que tem um ponto alto nos debates, não pode ficar na dependência
de temas ditados pelos candidatos, nem sempre de relevância para os eleitores. O
que interessa, no caso, não é o que pode render mais voto para um ou tirar de
outro. Debates transmitidos para um país de dimensões continentais têm o mérito
de expor os candidatos mais como eles são, como pensam e como agem, sem a
interferência excessiva de artifícios como os de marketing.
Infelizmente,
mesmo em confrontos como o de hoje, quase ao final de uma campanha disputada
voto a voto, nem tudo se revela como deveria. O que os eleitores precisam fazer
é discernir os excessos, os argumentos distorcidos, as simplificações para
facilitar o uso nas redes sociais. O país tem desafios importantes demais para
ficar sob o comando de quem hoje busca votos sem um mínimo de clareza e
transparência sobre seu projeto de governo.
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