21
de outubro de 2014 | N° 17959
EDITORIAL
ZH
A VOLTA DA SENSATEZ
Quando
o passionalismo impera entre os candidatos e a população, cessa a objetividade
necessária para debater programas, e todos perdem – políticos e eleitores.
As
intervenções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na propaganda da campanha
presidencial e a rejeição inequívoca do público levaram os candidatos a retomar
o bom senso nos debates televisivos. Ao menos, foi o que transpareceu no
encontro do último domingo, na TV Record, no qual a presidente Dilma Rousseff (PT)
e o senador Aécio Neves (PSDB) trocaram acusações, divergiram e até ironizaram,
mas deixaram de lado as ofensas envolvendo familiares e comportamentos pessoais.
Ganham
os eleitores, particularmente os indecisos. Na reta final da campanha, é uma
oportunidade a mais de se inteirarem do que pensam os presidenciáveis sobre
questões que, em maior ou menor grau, têm alguma influência em suas vidas.
A
preocupação de conquistar quem ainda não consolidou sua intenção nas urnas
ajuda a explicar o fato de os candidatos insistirem em contornar temas mais
controversos, preferindo se concentrar numa pauta mais convencional. Infelizmente,
sempre que colocados sem uma mediação mais incisiva, políticos em campanha
tendem a optar por uma agenda com mais potencial para assegurar votos do que em
contemplar de fato os eleitores. A insistência na repetição de determinados
assuntos pode até favorecer alguma candidatura ou ajudar a desgastar outra, mas
acaba contribuindo para diminuir ainda mais o interesse pela política.
Um
aspecto positivo é que o eleitor dispõe cada vez mais de meios para interferir
no nível dos debates, sob o ponto de vista dos temas e do tom das discussões. A
possibilidade é favorecida por recursos como pesquisas qualitativas bancadas
pelos partidos e pelo uso das redes sociais, tanto por políticos quanto pelo
eleitorado. A particularidade de mais da metade da população acessar hoje a
internet aumenta a responsabilidade no uso dessas ferramentas para fins
eleitorais. Em qualquer país, quando o percentual de pessoas conectadas atinge
esse patamar, o uso das redes sociais e a forma como isso ocorre realmente
tendem a fazer diferença no resultado das urnas.
Mesmo
sob a emoção da reta final, é importante que o tom mais ameno dos confrontos se
mantenha até o final da campanha, cujo ponto alto será o debate de sexta- feira,
na Rede Globo. Quando o passionalismo impera entre os candidatos e a população,
cessa a objetividade necessária para debater programas, e todos perdem – políticos
e eleitores.
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