quarta-feira, 6 de agosto de 2014


06 de agosto de 2014 | N° 17882
PAULO SANT’ANA

Fraude em cima de fraude

Ora, vejam só o dilema em que me vi ontem e deve ter vindo também para inúmeras pessoas.

Acontece que a fiscalização flagrou duas marcas famosas de leite porque elas colocaram álcool etílico no leite. E os fiscais declararam que o álcool etílico tinha a finalidade de apagar a água que haviam posto no leite.

É espetacular: para apagar o vestígio de uma fraude que fizeram no leite, praticaram outra fraude. É muita coisa. Por essa notícia, decidi ontem nunca mais beber leite em toda a minha restante vida.

Ou seja, pesei muito bem essa decisão antes de tomá-la. Considerei que o risco de ficar agora sem a alimentação do leite é muito menor do que o risco que corre minha saúde quando colocam álcool no leite que consumo. Ou qualquer outro veneno desses que andam colocando no leite nos últimos dias.

É tudo uma questão de comparar os riscos que correm os bebedores de leite. Isto é uma barbaridade: marcas consagradas de leite estão misturando outros produtos no leite para torná-lo mais barato, inclusive água.

Isso está comprovado nos noticiários dos últimos 30 dias e no noticiário de ontem.

Depois desses episódios sinistros que se verificaram nos últimos 30 dias e ontem, cheguei a uma conclusão: a única maneira de um ser humano beber leite com tranquilidade é mamando nas tetas de sua mãe. Ou então morando numa fazenda ou num sítio e bebendo direto na teta da vaca. Não dá para confiar nem no peão que declarar que é leite puro de vaca. O peão pode ser o primeiro falsificador da escala dos que manipulam o leite.

Alguém me alertou ontem que os falsificadores de leite podem me processar depois que lerem esta coluna. Está de um jeito que quem denuncia falsificação no leite pode ir pra cadeia, e fica solto o falsificador para continuar falsificando.

Não bebo mais leite, e ninguém vai me obrigar a beber leite de hoje em diante. Obrigaram o filósofo Sócrates a ele mesmo ingerir veneno como punição na Grécia antiga.

Só o que falta é me obrigarem agora a voltar a beber leite e vir a morrer como Sócrates morreu.


Canalhas!

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