12
de novembro de 2013 | N° 17612
EDITORIAIS
As enxurradas e a imprevidência
É compreensível
que, diante de uma chuvarada como a registrada ontem, que excedeu em um dia a média
de precipitação de um mês, o setor público seja incapaz de atender a todas as
demandas e evitar muitos dos danos provocados, em especial na Região
Metropolitana.
Mas, ao mesmo tempo em que se reconhecem os
esforços das equipes mobilizadas para atenuar transtornos e prejuízos, é preciso
admitir que boa parte do que ocorreu é consequência de deficiências estruturais
que ainda não foram tratadas como prioridade.
As enxurradas,
com o transbordamento ou o acúmulo de água em cursos d’água, vias públicas e áreas
urbanas habitadas, são o efeito mais visível de problemas causados por uma boa
dose de imprevidência. Constata-se, nessas situações, que os dutos existentes não
conseguem dar vazão a grandes volumes de chuva.
O
que seria compreensível em situações absolutamente anormais, como pode ser
considerado o cenário de ontem, não é assim tão raro. A atual estrutura das
redes de escoamento da Capital fracassa também quando eventos climáticos não se
enquadram entre os considerados excepcionais.
São
repetidos os episódios em que Porto Alegre tem a vida transtornada por chuvas
intensas. Não basta alegar que não há como evitar os prejuízos causados por
precipitações como a de ontem. É preciso pelo menos adotar medidas preventivas
para atenuá-los e montar planos mais efetivos de intervenção nas emergências. Por
isso, é urgente uma revisão nas estruturas das grandes cidades, como já foi
feito parcialmente em algumas áreas localizadas, ou as chuvas continuarão
causando danos econômicos e sociais, mesmo em circunstâncias menos dramáticas.
A
população, que contribui de forma irresponsável para o entupimento de bueiros,
ao descartar lixo em ruas e riachos, também precisa rever hábitos e assumir
responsabilidades. As chuvas intensas põem em questão a falta de planejamento
dos governos e falhas graves de nossas condutas como cidadãos.
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