01
de dezembro de 2013 | N° 17631
PAULO
SANT’ANA
Sobre os
amigos
Fui
convidado a participar da quarta edição anual do Café ZH, um interessante
encontro entre colunistas e demais jornalistas de Zero Hora, contando com a
presença de autoridades e convidados.
Coube
ler aquela coluna que considero a mais apreciada pelos leitores de nosso jornal
em 43 anos de minha atividade como colunista aqui.
Foi
então que me designaram para ler a coluna Dia do Amigo, em que fiz uma
exortação aos meus amigos “que nem sabem que são meus amigos que mais prezo e
sobre os quais construí meu equilíbrio vital e que fazem parte do mundo que eu
tremulamente ergui em minha vida, tornando-se alicerces do meu encanto pela
vida”.
Depois
que li aquela coluna naquele ato, aproximou-se de mim o Nílson Souza e me
disse: “Estava muito boa a tua leitura rememorativa e no ato havia muitos
amigos teus presentes”.
E eu
completei: “E inimigos também, Nílson”.
Na
solenidade que citei acima, o apresentador era o Iotti. E ele contou um
episódio que eu havia esquecido. Ei-lo: anos atrás, entrei na sala do então
vice-presidente-executivo Pedro Parente. Ato contínuo, comecei a fumar, quando
Pedro Parente me disse que eu não podia fumar em sua sala.
Eu
respondi: “Mas eu fumo até na sala do Nelson Sirotsky”.
E
Pedro Parente redarguiu: “Mas esta não é a sala do Nelson Sirotsky, é a minha
sala”.
Ao
que eu contrapus: “Tu és novo na empresa, quero que saibas que todas as
centenas, quiçá milhares de salas da RBS, são do Nelson Sirotsky”.
Hoje,
não fumo mais na sala de ninguém, respeito os avisos de proibição.
Só
fumo agora no fumódromo. Mas eu acho sem graça fumar no fumódromo, assim como
acho sem graça fazer sexo no quarto. Sexo para mim, para ter graça, tem de ser
feito em todos os lugares, nas calçadas públicas, nos corredores, nas escadas,
nos elevadores.
Quanto
a sexo, cheguei já à perfeição epicurista de não fazê-lo mais, em qualquer
lugar. A impotência me tirou a ubiquidade.
Adoro
as palavras compostas: porta-joias, porta-bandeira, tira-gosto etc.
Mas
as palavras compostas que mais gosto são as que não têm hífen: corrimão e
paraquedas, por exemplo. Porque aglutinam um verbo e um substantivo e têm o
significado dúplice, corrimão quer dizer onde corre a mão, paraquedas quer
dizer o que para as quedas etc.
E
gostei muito quando tiraram o hífen de antessala.
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