VINICIUS TORRES FREIRE
Quem
ficou rico no Brasil
Espírito Santo lidera crescimento no século e fica atrás
apenas de Rio e SP em renda per capita
O NORDESTE seria a região que mais teria crescido no Brasil
"nos últimos tempos", nos anos Lula etc. Era o que a gente tinha a
impressão de ouvir por aí.
Bem, o Centro-Oeste cresceu mais entre 2002 e 2011.
Quietinho, quietinho, o Estado que mais cresceu foi o Espírito Santo. Também
foi o que se tornou relativamente mais rico neste século: o aumento de seu PIB
per capita também foi o maior.
Os capixabas tinham em 2011 o terceiro maior PIB per capita
do Brasil, depois de São Paulo e Rio (exclui-se aqui o Distrito Federal, uma
anomalia estatística, entre outras). Em 2002, estavam em sétimo lugar.
As economias de Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo e Rio de
Janeiro, pela ordem, estão no G4, na "zona de rebaixamento" --foram
as que cresceram menos.
Esquisito mesmo, porém, é que alguns Estados se tornaram
relativamente mais pobres entre 2002 e 2011. O PIB per capita do Pará ficou
estagnado ou decresceu e o de Rondônia cresceu pouco; os de Amazonas, Amapá,
Roraima e Acre decresceram.
É o que se pode depreender do balanço das Contas Regionais
(PIB por Estados) de 2011, divulgado pelo IBGE na sexta-feira passada. O IBGE
divulgou só o PIB per capita de 2011, baseado na contagem de população dos
municípios enviada ao Tribunal de Contas da União em 2011.
No entanto, fazendo contas pela estimativa de população da
Pnad-IBGE, é possível fazer uma comparação aceitável dos PIBs per capita
("renda per capita") dos Estados entre 2002 e 2011.
Não aconteceu nenhuma catástrofe econômica nos Estados do
Norte. As economias do Pará e de Rondônia estão em segundo e terceiro lugares
na lista das que mais cresceram. Porém, houve um crescimento brutal das
populações desses Estados, o que puxou para baixo seu PIB per capita, claro.
O que o Espírito Santo tem? Commodities (minerais metálicos,
papel e celulose, petróleo e gás), por exemplo. Em 2002, 6% do PIB do Estado
vinha da indústria extrativa; em 2011, 22,3%.
O grande setor da economia que mais cresceu no Brasil desde
2002 foi o extrativista. Porém, observando estatísticas antigas, vê-se que o
Estado cresce bem mais do que o Brasil desde os anos 1980.
Piauí e Maranhão vêm logo depois do Espírito Santo em termos
de velocidade do crescimento da renda per capita. Mas sua base (renda inicial)
era muito baixa. Os desempenhos mais consideráveis, a seguir, são os de Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, que tiraram proveito do crescimento
de agropecuária e indústria extrativa, embora Mato Grosso do Sul tenha feito um
progresso mais "completo", se industrializando bem.
Fora da região Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo
registraram a menor alta do PIB per capita, não muito longe, é verdade, da
Bahia e do Rio. Nesses Estados, o peso da indústria de transformação
("fábricas") era grande em 2002 e ainda é relevante.
Os tropeços feios do crescimento industrial parecem ter
prejudicado o desempenho deles. Mas Santa Catarina tem indústria de peso e não
foi nem de longe tão mal. Além do mais, São Paulo tem a economia mais
diversificada do país, as maiores e melhores universidades e é o centro
financeiro do Brasil. Por que não inventou negócios novos?
vinit@uol.com.br
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