29
de novembro de 2013 | N° 17629
DAVID
COIMBRA
Ego
Desconfio
de qualquer um que seja doutrinário. O acólito, o seguidor de doutrina, o
radical de qualquer crença, partido, igreja ou ideal, esse é inevitavelmente um
idiota. Impossível ser radical sem ser idiota.
O
radicalismo é um desvio de personalidade. Porque, ao radical, pouco importa no
que ele acredita. O que importa é ele acreditar radicalmente em alguma coisa. O
radicalismo é apenas um meio. Um instrumento em que ele exercita o seu egoísmo.
Assim
a mulher feminista. É o pior tipo de mulher com quem conviver, porque ela
justifica o seu egoísmo intelectualmente. A mulher feminista, quando faz o mal
ao seu companheiro, alega estar sendo honesta com seus sentimentos. E sai pelo
mundo de nariz erguido, repetindo com orgulho: sou uma mulher honesta! Sou uma
mulher honesta!
Ora,
ela foi honesta com os sentimentos DELA. E os dele? Uma pessoa que se preocupa
só com os seus sentimentos e esquece o dos outros, o que é?
Egoísta.
No caso da feminista, uma egoísta com discurso, cruzcredo.
Fuja
da mulher feminista.
Também
o político. Se você tiver de escolher entre um político idealista e um político
hipócrita, quem você escolherá? O idealista, claro.
Pois
você fará má escolha. O hipócrita tem o freio da própria hipocrisia. Se os
outros não gostam, ele hesita. Quer dizer: mesmo que seja por interesse, ele,
de certa forma, se preocupa com o sentimento dos outros.
Já o
idealista não vacilará em cometer os maiores desatinos e as maiores
desumanidades em nome do seu ideal. Porque o ideal dele está acima de tudo,
inclusive das pessoas. Seja que ideal for, na ponta direita ou na ponta esquerda.
O importante é que ele tenha essa justificativa para o seu egoísmo. Ele passa
por cima dos outros e ainda bate no peito: tive que fazer isso, porque era no
que acreditava.
José
Dirceu é um idealista. Ele não queria se locupletar com o mensalão. Nada disso.
José Dirceu tinha um projeto de poder para o PT, e acreditava que aquele
projeto salvaria o Brasil, assim como a feminista acredita estar sendo honesta
quando coloca os sentimentos dos outros como subalternos aos seus.
É
por isso que José Dirceu acredita, de fato, que é um preso político, que é um
injustiçado. Porque seu ideal dava salvo-conduto para quaisquer de suas ações,
o ideal transformava seu egoísmo em doutrina. Para Dirceu, o seu egoísmo era
mais do que isso: era heroísmo.
Ah,
mas às vezes os egoístas são desmascarados, e aí lhes aguarda a danação. Aos
egoístas, e às egoístas, está reservada a maldição dos versos finais da
composição imortal de Lupicínio, Vingança:
“Você
há de rolar como as pedras que rolam na estrada. Sem ter nunca um cantinho de
seu pra poder descansar”.
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