17
de novembro de 2013 | N° 17617
VERISSIMO
- As aventuras da família Brasil
A galinha do Marlon
Brando
O
ator Emiiano Queiroz conta que frequentou, como ouvinte, o Actors Studio em
Nova York e lá ouviu uma história sobre o mais conhecido ex-aluno do famoso
curso de interpretação, Marlon Brando. Lhe contaram que certa vez o professor
Lee Strasberg propôs ao grupo um exercício: todos deveriam se comportar como
galinhas num galinheiro na iminência de um ataque nuclear. Os alunos passaram a
se dedicar a diferentes graus de agitação, introjetando a provável reação das
galinhas ao cataclismo anunciado.
Todos
menos um, Marlon Brando, que manteve-se tranquilo e sonolento sobre seu poleiro
imaginário. No fim do exercício, Strasberg pediu explicações a Brando, que
respondeu: como uma galinha saberia que estava prestes a acontecer um ataque
nuclear? Ele optara pelo realismo. Sua galinha desinformada não perderia a
calma.
Você
não tem a desculpa de ser uma galinha, da qual se espera que seja naturalmente
mal informada. Essa sua calma não é realista. Você talvez só não tenha se dado
conta ainda que vive num pequeno planeta que se desloca no espaço em grande
velocidade, sem direção aparente, girando sobre seu próprio eixo, e que você só
é mantido vivo porque, por uma feliz casualidade, este planeta gira em torno de
uma fornalha que se autoconsome e um dia explodirá na nossa cara, se um meteoro
não nos liquidar antes, e é parte de um Universo que não se sabe como começou
nem como vai terminar. Isso sem falar na situação do Oriente Médio, no
terrorismo, nas epidemias, na má fase do Internacional e...
Pensando
bem, a galinha do Marlon Brando se parece cada vez mais com um modelo de
sanidade.
Meu
pai gostava de usar uma imagem, a do personagem de desenho animado que chega à
beira do precipício e continua a caminhar sobre o vazio, até se dar conta de
que o chão acabou e então cair no abismo. A lição para evitar a queda no abismo
da angústia e da desesperança aí é fazer como a galinha do Marlon Brando, não
se dar conta. Você terá chão enquanto acreditar no chão.
E
faça o que fizer, aconteça o que acontecer - não olhe para baixo!
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