26 de novembro de 2013 | N° 17626
PAULO SANT’ANA
Surgiu um clarão
Depois que quase mataram a jiboia, jararaca deita e rola.
Noticia-se que a Superintendência dos Serviços
Penitenciários (Susepe) está solicitando à Justiça para retomar o recolhimento
de detentos ao Presídio Central, que havia sido suspenso.
Se eu fosse a Justiça, negaria o pedido. Mas o pedido não
será negado, eis que estão saindo presos pelo ladrão nos outros presídios e o
Central deverá ser mesmo novamente locupletado.
Eu penso que governo que não soluciona, podendo solucionar
plenamente, a questão penitenciária, bastando para isso decretar a
administração privada em presídios, não pode obter jamais a aprovação da
sociedade.
E então permanece esse cancro social que é o Presídio
Central, sem solução.
É uma barbaridade, um atentado à civilização.
Sucedem-se governos sobre governos e o Presídio Central
sobrevive a todos eles.
Eu penso que os governos todos que se sucederam incorreram
assim em crime de responsabilidade.
Uma sociedade que não tem onde colocar seus presos é uma
sociedade fracassada.
É muito difícil de entender esse silogismo, mas não tem
autoridade para tentar diminuir a criminalidade aquele governo que não
soluciona sua questão penitenciária.
Claro que nunca vão me entender nessa cruzada que travo na
imprensa há 40 anos: se não se resolve a questão penitenciária, nunca vai se
resolver a questão da criminalidade, nem sequer diminuí-la. Pelo contrário, sem
presídios decentes, tende a aumentar terrivelmente a criminalidade.
Em nosso meio, os governos, uns sobre os outros, fazem a
vontade da sociedade, que quer ver os presos mofarem, adoecerem e serem mortos
nos presídios.
Os governos atendem assim a um pedido e a um clamor da
sociedade.
É muito tênue o avanço dessa compreensão nos últimos anos.
Uma parte da sociedade percebeu que, com presídios decentes, diminui
clamorosamente a criminalidade nas ruas. Mas é uma parte diminuta da sociedade
que está entendendo finalmente isso. Parece que, só quando todos os eleitores
acabarem por desatar esse nó da questão, ela será resolvida.
E nessa espessa escuridão surgiu uma luz no fim do túnel: os
presídios privados.
Mas a cegueira governamental não enxerga esse clarão.
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