13 de novembro de 2013 | N° 17613
PAULO SANT’ANA
Lavagem
corporal a seco
Foi eu fazer um elogio aqui nesta coluna para a presidenta
Dilma, e logo chegaram muitos protestos de leitores.
Sinceramente, não sabia que havia forte oposição a Dilma
entre os meus leitores, embora admita que haja também no seio deles muitos que
a apoiam.
Dói na alma ver milhares de gaúchos flagelados pelas chuvas.
Eu moro num andar alto de edifício e lá as águas não me
atingem, mas fico solidário com os que veem suas casas inundadas, seus móveis
inutilizados.
Depois, veio o sol, mas todos esses atingidos logicamente
pensam que mais adiante serão novamente envolvidos pelas inundações.
É muito triste saber que pessoas todos os dias olham para o
céu numa torcida para que não chova.
Estou, neste momento, bebericando um suco de manga. Foi
arriscado escolhê-lo. Sabia que há no fundo do suco de manga um amargo que
pressinto desagradável. Que vou fazer? Na lancheria da Redação, há tempo que não
tem o suco que gosto: abacaxi.
Do amargo do abacaxi eu gosto.
De tanto levar comida de restaurantes para casa, enjoei de
todas. Enjoei do bacalhau, enjoei principalmente do camarão, de que já experimentei
rigorosamente todos os pratos, estou até enjoando de um prato que pensei nunca
iria enjoar: espaguete à carbonara.
O que será de mim? Como irei me alimentar de salgados? Acabo
por isso atraindo para mim os doces.
E até rapaduras já ando roendo.
Cuidado com a alta da tua glicemia, Paulo Sant’Ana!
Eu acho incrível que a humanidade não tenha inventado até agora
um tipo de cigarro que tenha o mesmo gosto que o do tabaco e que não prejudique
a saúde.
O melhor sucedâneo que encontrei até agora foram esses
cigarros eletrônicos, mas eles são recarregáveis e eu sou uma nulidade em mexer
com essas coisas. Por isso, desisti deles.
E volto sempre para meu Charm amigo. Mas com uma carga na
consciência, sei que ele pode me matar.
Não gosto de tomar banho. E, por questão de higiene, tenho
de me banhar todos os dias no chuveiro. O banho na banheira é muito demorado, e
sempre tenho pressa de sair para iniciar na rua as minhas atividades.
É bom meu chuveiro, o jato é forte, controlo bem a água
quente, mas o ato de ensaboar as axilas, as juntas das pernas e dos braços, o
pescoço, atrás das orelhas, os pés, tudo isso com o auxílio de uma escova
prestimosa, esse ritual inteiro me incomoda, acho que porque ele se repete há mais
de 60 anos.
Será que a humanidade não vai inventar nunca uma lavagem
corporal a seco?
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