
05
de novembro de 2013 | N° 17605
ARTIGOS - Themis Groisman Lopes*
Filhos...
Filhos?
O
caderno Donna de Zero Hora do dia 20 de outubro trouxe uma reportagem sobre a
decisão de mulheres e casais de não terem filhos. Também na Coluna do Leitor
foram publicados comentários a respeito do assunto.
Como
foi comemorado no último mês o centenário de nascimento de Vinícius de Moraes,
lembramos um poema dele, intitulado “Enjoadinho”, que tem muito a ver com o
tema e que se inicia assim:
“Filhos...
Filhos? / Melhor não tê-los! / Mas se não os temos / Como sabê-lo?”.
A
questão de ter ou não filhos é muito individual e trata-se de uma escolha que
deve ser respeitada. Segundo alguns, a decisão está relacionada ao comodismo de
pessoas que não querem ter mais preocupações. As mulheres desejando manter o
corpo sem as deformações pontuais que a gravidez provoca; os homens vendo os
filhos como rivais. Segundo outros, é uma forma egoísta de pensar, que implica
dividir sua vida com alguém que vai depender de seus cuidados.
Existem
mulheres e casais que só se sentem realizados se tiverem filhos. Outros desejam
filhos, mas não conseguem tê-los. Muitos resolvem o problema através do sublime
ato de adotar uma criança órfã ou rejeitada.
Podemos
aventar uma hipótese de que, em alguns, o desejo de ter filhos passa pela
vaidade e orgulho de serem capazes de gerar uma vida. Ter filhos implica uma
mudança significativa na vida de um casal. É uma terceira pessoa, que
desequilibra a vida a dois. São cuidados especiais, noites maldormidas com as cólicas
dos bebês, choros, banhos, fraldas, amamentação. Trata-se de um ser totalmente
dependente e que exige muita paciência, tolerância e dedicação. Torna-se necessário
abrir mão de si mesmo em troca das necessidades do pequeno. Aqui cabe outro
trecho do poema de Vinícius:
“Noites
de insônia / Cãs prematuras / Prantos convulsos”.
Quem
foi fadado a ser mãe ou pai elabora com satisfação e prazer, apesar da estafa,
todas as mudanças, sendo capaz de dedicar-se de corpo e alma ao recém-nascido
para proporcionar-lhe o melhor. Sabendo que, pela vida afora, terá sempre alguém
muito especial para educar, dar limites, proteger e amar.
Aqueles
que optam pela não maternidade e paternidade pensam em todas as
responsabilidades e obrigações que um filho acarreta, além do fato de colocá-lo
num mundo com tanta violência, drogas que correm soltas, educação com sérias
falhas e saúde deixando tanto a desejar. Não é uma tarefa fácil. E quem sente não
ter condições para enfrentar tudo isso faz uma justa escolha.
Ninguém
pode condenar uma pessoa por suas decisões. Vivemos numa democracia, onde
predomina o livre-arbítrio, e o respeito é o elemento fundamental em toda
sociedade.
Numa
homenagem a Vinícius, ficam aqui os últimos versos de seu poema:
“Porém,
que coisa / Que coisa louca / Que coisa linda / Que os filhos são!”.
*PSIQUIATRA
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