terça-feira, 5 de julho de 2011



05 de julho de 2011 | N° 16750
PAULO SANT’ANA


Uma mulher notável

Todo o mundo ficou sabendo do caso de Dominique Strauss-Kahn, o francês chefe do FMI que foi preso nos EUA acusado de estuprar uma camareira de hotel.

O que impressionou no caso foi a fidelidade da mulher dele. Desde que foi preso, a sua mulher se colocou a seu lado, pagou a fiança de US$ 6 milhões, alugou um caríssimo apartamento para o marido permanecer em prisão domiciliar, sempre foi vista ao lado dele nos trajetos mais difíceis e fotografados.

Quando Strauss-Kahn mais precisou, nas audiências massacrantes, mais encontrou amparo de sua mulher.

Tanto quando a polícia e o Ministério Público acusavam-no de estupro quanto agora, quando as investigações se encaminham para a hipótese de que a camareira consentiu no congresso carnal, a mulher de Strauss-Kahn manteve-se inabalável como uma rocha, apoiando o marido.

Ou seja, ela deu-lhe conforto e solidariedade quando era acusado de estuprador e fez o mesmo quando soube que ele apenas mantivera ato sexual com a camareira, com o consentimento desta última.

Mas onde é que foram parar o ciúme e o ódio desta mulher ao marido, sentimentos que são naturais nestas ocasiões?

Diz o noticiário que ela é riquíssima e tanto a fiança quanto o aluguel foram custeados por ela.

Qualquer mulher no lugar dela teria se envergonhado do que o marido fez e o abandonaria imediatamente, passando a odiá-lo por ciúme e pela desonra.

Com ela não, foi sustentáculo familiar do marido, colocou-se ao lado dele incondicionalmente, desculpou-o, perdoou-o, é possível até que o tenha declarado inocente, embora as evidências do laudo pericial, que constatou ter havido o conúbio físico entre o marido e a camareira oriunda da Guiné.

Que mulher, esta Anne Sinclair, esposa de Strauss-Kahn! Que mulher admirável!

Quando o marido foi preso, ele liderava as pesquisas para a presidência da República da França, imaginem.

Que grande e resistente primeira-dama francesa daria esta mulher, caso seu marido fosse eleito presidente.

São raras as mulheres desta cepa, que observam reverencialmente o mandamento dos sacerdotes, quando das cerimônias no altar do casamento: “Até que a morte os separe”.

Só a morte poderia separar esta mulher deste homem. Não ia ser um adulteriozinho num quarto de hotel com uma camareira que poderia sepultar o amor inabalável que ela sente pelo marido.

Ela devia pensar que, coitadinho do seu marido, longe de Paris, tocaiado pela solidão num hotel de Nova York, que mal havia que fosse refugiar-se entre as coxas da bela e negra camareira?

Que esposa! Que companheira!

Não se faz mais mulheres como esta.

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