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sábado, 2 de julho de 2011
03 de julho de 2011 | N° 16748
PAULO SANT’ANA
Enchente de mediocridades
Não sei se repararam, mas vivemos cercados de obviedades por todo o lado.
Quando não são obviedades, ficamos cercados por mediocridades.
Não há nada mais chato que obviedades. Se há, são as mediocridades.
Raramente somos assaltados no nosso local de trabalho ou nos lugares que vamos com brilhantismos.
Eu vivo uma pesada ressaca de obviedades e mediocridades, é a minha rotina.
A obviedade e a mediocridade são de tal modo cansativas que, quando a gente encontra uma pessoa brilhante, isso é sempre surpreendente.
Porque a obviedade nunca surpreende, mas me choca.
E a mediocridade faz parte de um ramerrão nauseante que vem se somando durante todo o dia, de tal jeito que, à noite, estamos exaustos com tanta falta de talento.
O pior é quando as obviedades e mediocridades surgem em forma de pacote, como nos discursos.
Eu sempre que vou a uma solenidade já sei que haverá nos discursos um violento ataque de expressões óbvias e frases medíocres.
Não há pior castigo do que quando marcamos um encontro com uma pessoa óbvia ou medíocre.
E nós ficamos encurralados no bar ou no restaurante, a vontade que se tem à mesa é de gritar por socorro.
Porque é óbvio que o óbvio nos tratará com obviedades.
O perigo maior de conviver com o óbvio e com o medíocre é o do contágio.
Eu já provei que, passada uma semana em que só tratei com obviedades e mediocridades, fiquei burro.
Só há uma maneira de a gente ser inteligente ou brilhante: é conviver com pessoas inteligentes ou brilhantes. É um paraíso.
Eu tenho um amigo que é tão óbvio e medíocre que sempre que vai se encontrar comigo ele fica decorando frases célebres: em vez de ser óbvio, ele já me atira uma frase: “Noventa por cento dos políticos dão aos 10% restantes uma péssima reputação.”
Ou então ele não me deixa falar e vai logo lascando: “A melhor medida da honestidade de um homem é tomada pelo que ele faria se soubesse que nunca seria descoberto.”
Ou seja, é muito melhor um interlocutor que traz tudo decorado do que um medíocre que improvisa.
Tanto que não existe pessoa mais deplorável que um óbvio ou medíocre que tem todos os dias, durante momentos longos, o microfone à sua disposição.
Portanto, qualquer orador ou apresentador de rádio e televisão medíocre só poderá ter sucesso se seus ouvintes forem tão óbvios e medíocres quanto ele..
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