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sábado, 2 de julho de 2011
02 de julho de 2011 | N° 16747
PAULO SANT’ANA
Mais um hospital fechado
Quem ouviu o noticiário de ontem ficou abismado e não acreditou: está fechando o Hospital Mário Totta, de Tramandaí.
E a notícia acrescentava um dado estarrecedor: os doentes de Tramandaí e do Litoral que eram atendidos em Tramandaí terão de vir procurar atendimento e hospitalização nos hospitais de Porto Alegre.
Mas como? Terão de vir os doentes para Porto Alegre? Mas se em Porto Alegre não há vagas para doentes, como farão?
Dá vontade de concluir que não existem autoridades que tratem de saúde entre nós. Se existissem, não proliferariam esses absurdos.
Eu fico pensando: quando é que este colunista desistirá de se preocupar com os problemas gaúchos de saúde?
Porque as autoridades parece que já desistiram.
O nosso quadro atual é o seguinte: todos os dias diminuem as vagas nos hospitais e, nos presídios, parece mentira que teriam de aumentar para evitar o caos.
Como é que pode ocorrer este gigantesco e aterrorizante paradoxo?
Agora é que sei por que pessoas desesperadas escrevem para os jornais dizendo que querem a volta da ditadura.
A ditadura não resolveria nada, mas as pessoas não têm mais a quem apelar.
Então apelam para a ditadura, para a anarquia, para a desordem.
Porque a democracia e a ordem não estão resolvendo mais nada.
A Ulbra decidiu fechar o hospital de Tramandaí porque os R$ 500 mil de despesas mensais que ela tem lá nem de longe são cobertos pelos pagamentos de convênios e do SUS que ela recebe.
Mas bem que faz ela. Manter o hospital aberto levaria a Ulbra a outra intervenção como a que ela sofreu e que culminou com a queda e responsabilização penal e tributária do reitor anterior.
A Ulbra está salvando a sua pele.
Mas quem é que salva a pele dos doentes de Tramandaí e do Litoral?
Cada dia que se fecha um hospital e não se constrói um presídio é dia de luto para os gaúchos.
Evidentemente que se cada município tivesse seu hospital e seu presídio viveríamos no melhor dos mundos.
Cada município deveria ser responsável por todos os doentes e detentos que produzisse.
Mas aqui em nosso país dá-se o excêntrico fato de que os municípios querem continuar sobrevivendo ao afastar de seus territórios os presídios e os hospitais.
Há prefeitos e populações que pregam que podem ter tudo em seus territórios, menos presídios e hospitais.
E despacham seus doentes e presidiários para Porto Alegre.
Só que Porto Alegre está abarrotada de doentes e de presos.
O nome disso é caos. E se se levar em conta as autoridades centrais, é irresponsabilidade.
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