sexta-feira, 1 de julho de 2011



01 de julho de 2011 | N° 16746
PAULO SANT’ANA


Consciência do dever

O 4º Distrito parou ontem à tarde, três bandidos assaltaram uma mulher que vinha saindo de uma agência bancária de onde retirara R$ 400.

O tenente-coronel Danilo Rozo, 48 anos, da reserva da Brigada Militar, sentiu-se no dever de intervir e deu voz de prisão aos assaltantes, que reagiram baleando o coronel no peito, duas vezes.

O coronel ainda feriu dois dos assaltantes que foram levados para o hospital.

Mas o coronel acabou morrendo a caminho do hospital.

Eu estive pensando demoradamente sobre este caso, ontem. Se o coronel não estivesse armado, a esta hora estaria tomando chimarrão em casa com sua esposa.

Mas alguém tem de reagir a este banditismo e foi a hora do martírio do coronel.

Três bandidos armados contra um policial da reserva armado, até que foi tecnicamente lógico o resultado do tiroteio: o coronel assassinado e dois bandidos feridos no hospital. O terceiro assaltante fugiu.

Este episódio revela toda a brutalidade que domina as nossas ruas. Ruas é forma de expressão, os assaltantes atacam sítios e fazendas ao redor de Porto Alegre, amarram as vítimas, roubam o que bem entendem, a coletividade está inteiramente à mercê do crime, como retratou um assalto a uma fazenda em Butiá, também anteontem, de cujos detalhes por acaso tomei conhecimento.

Os familiares e colegas deste brigadiano assassinado ontem na Avenida Assis Brasil têm tudo para orgulhar-se dele. Ele poderia dar de ombros e deixar que os assaltantes levassem à frente seu propósito.

Mas não, irrompeu nele uma sublime consciência de dever, que o impeliu à morte.

Imolou-se em plena avenida por ser digno de sua profissão e de sua vida, que se soube agora foi ocupada durante anos em salvar vítimas das enchentes, como oficial bombeiro.

Morreu reto e correto. Que lhe sirva de consolo póstero e honra esta coluna que dedico a todos os policiais que morreram no cumprimento do dever.

Mudando de assunto, confesso que não entendi nada do que aconteceu no Grêmio ontem e anteontem.

Quando ouvi o presidente Odone dizer anteontem que ia tomar ontem uma providência cirúrgica, pensei que os responsáveis pelos resultados desastrosos iriam ser demitidos.

Nada disso, acabou o Renato pedindo demissão, ele que não tinha nenhuma responsabilidade pelos insucessos.

A torcida clamava pelo afastamento de Paulo Odone ontem, no estádio. Não sabe ainda a torcida que presidente não se afasta, ele tem mandato.

Mas tinham de ser afastados do departamento de futebol os que não têm mandato. Não o foram, o principal deles, o vice de futebol, disse ontem: “Tudo vai continuar aqui na plena normalidade”. Ah, é?

Ou seja, o Grêmio decidiu que vai continuar afundando.

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