Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 8 de janeiro de 2011
09 de janeiro de 2011 | N° 16575
David Coimbra
SOB O GUARDA SOL
Esse é o meu garoto!
O Bernardo ganhou uma gatinha na areia. Estava vestido apenas com sua bermuda de surfista decorada com tartarugas verdes, o torso nu, os cabelos em desalinho. Puxava sua retroescavadeira de plástico amarela. Devia estar realmente sedutor, porque foi ela quem se aproximou. Foi ela quem o assediou.
Betina.
Morena. Olhos azuis. Maiô branco cavado. Uma mulher mais jovem, como gosta o Bernardo: tem um ano e 10 meses. Veio sorrindo e gingando. E veio e veio e veio. O Bernardo observava-a, perplexo com sua ousadia. Quando chegou bem perto, Betina abriu os braços. Bernardo vacilou um pouco, mas em um segundo retribuiu o abraço.
Foi uma sintonia perfeita, imediata. Ela tirou o bico, ele tirou o bico. Bernardo tomou-lhe a mão e a conduziu gentilmente para a sombra da barraca. Lá havia tudo de que precisavam para uma tarde a dois: baldinho, pazinhas, carrinhos, fôrmas de peixe, de gato, de cachorro. De coração. Passaram as horas seguintes a brincar juntos. Rolavam pelo chão, lambuzavam-se de água salgada, a areia grudava em seus corpos, loucos, loucos...
Eu observava a alguns metros de distância, tentando não quebrar o encanto do encontro. Confesso que pensei em Gabriela, nissei vizinha de Bernardo que o conhece de toda a vida (ou seja, há três anos) e que o chama com doçura infinita de “meu namolado”. “Onde estará Gabriela agora?”, cogitava eu, puxando o elástico da Bermuda. “Estará pensando nele?”
Enfim, essa é a vida. Encontros. Desencontros. Amores. Desamores. Depois de certo tempo com Betina, Bernardo, percebi, se impacientou. Levantou a cabeça. Olhou para mim. Questionou:
– Papai, ela não fala...
Sorvi mais um gole de caipirinha. Suspirei:
– Um dia você vai considerar isso uma bênção, meu filho...
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