segunda-feira, 4 de agosto de 2008



04 de agosto de 2008
N° 15683 - PAULO SANT’ANA


Salvando vidas

O campeonato nacional chega ao seu auge de emoção para os oito ou nove clubes e torcidas que pretendem atingir o título.

E coloca a todos nós, gremistas e colorados, diante de uma encruzilhada difícil, penosa, intransponível: os gremistas serão obrigados a torcer, na quinta-feira, a favor do Internacional, no Mineirão, contra o vice-líder Cruzeiro.

E os colorados serão obrigados, pasmem, a torcer contra o Internacional frente ao Cruzeiro.

A nossa rivalidade é assim, o que é que vamos fazer? Aqui se torce, mas aqui também se seca.

Tudo isso se dará na próxima rodada, porque, se o Grêmio vencer o Ipatinga, quarta-feira próxima no Olímpico, e o Internacional perder para o Cruzeiro ou empatar, independentemente de quaisquer outros resultados, o Grêmio já terá alcançado, então faltando uma rodada, o título honorífico de campeão do primeiro turno.

Como, nos últimos cinco anos, o melhor colocado no primeiro turno acabou sendo campeão de todo o certame, a chuleada será grande.

Milhões de torcedores gremistas torcendo pelo Internacional, centenas de milhares de colorados torcendo contra o Internacional.

Pode? É um dos defeitos dos pontos corridos.

Quando se trata de salvar vidas, é hora de esta coluna entrar em ação. Muitas pessoas não gostam quando coloco cartas nesta coluna. Mas muitas cartas que insiro na coluna salvam inúmeras vidas, específicas e inespecíficas.

Foi mais uma carta de uma leitora, posta nesta coluna, que salvou a vida, no sábado, de uma mulher que necessitava amputar seus pés ou suas pernas inteiras para ser salva e não encontrava leito nos hospitais.

A carta levou o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, a remover a paciente imediatamente de Sapucaia do Sul para a Santa Casa, onde horas depois ela já estava tendo o atendimento cirúrgico salvador.

Fatos como este enobrecem a profissão de jornalista.

Eis o relato do secretário: "Sant’Ana. Como sempre faço, li tua coluna neste sábado, 2 de agosto, deparei-me com o texto intitulado ‘A vergonha do sistema’.

Antes de tudo, é forçoso dizer que tua coluna nos ajuda a informar melhor sobre as ações na área pública. Bem sabes, por teres exercido um mandato eleitoral, que os maiores interesses da população estão na saúde, segurança e educação.

E, cada vez que trazes uma denúncia, deixas um alerta aos administradores públicos no sentido de resolver ou esclarecer o problema levantado.

No caso particular da paciente Iraci Schneider dos Santos, esclareço que, tão logo li sobre o fato, acionei a regulação estadual, que entrou em contato com o hospital Getúlio Vargas, de Sapucaia do Sul.

Foram tomadas as providências necessárias e uma equipe da Santa Casa de Porto Alegre procedeu ao atendimento ainda no sábado pela manhã.

A verdade é que a Secretaria Estadual da Saúde não foi informada do fato pelos solicitantes do atendimento. Isso porque todos os casos da Região Metropolitana são regulados pela Secretaria Municipal de Porto Alegre.

Em casos como esse, em que houve uma dificuldade maior, deveria ter sido solicitada ajuda da regulação estadual, o que não aconteceu. Na verdade, a regulação de Porto Alegre tem resolvido com êxito as centenas de solicitações que recebe diariamente, podendo ter dificuldades com alguns poucos casos como o citado.

A regulação estadual foi criada para resolver, inicialmente, problemas emergenciais de todo o Estado, quando os pólos regionais, como é Porto Alegre em relação à Região Metropolitana, não conseguem resolver.

Para isso precisamos ser acionados pelo regulador local, que detém a solicitação. Saliento que toda vez que a nossa secretaria é informada, as providências são tomadas imediatamente - como no caso que pontuaste.

Aproveito para comunicar também que, por determinação da governadora Yeda Crusius, estamos cada vez mais reforçando o poder de resolução das regiões no interior do Estado, que cada vez encaminham menos pacientes para Porto Alegre.

O programa Saúde Mais Perto de Você está fazendo avançar o processo de regionalização e, hoje, os pacientes que necessitam tratamento para o câncer, cirurgia cardíaca, cirurgia oftalmológica e terapia renal substitutiva, não necessitam mais sair de suas regiões para vir a Porto Alegre.

Nas próximas semanas, a governadora lançará um programa-piloto de telemedicina, em que pacientes com urgências cardíacas e neurológicas serão atendidos nos municípios menores, por clínicos locais, que receberão orientação online, via internet, por especialistas de plantão em hospitais universitários, visando diminuir a mortalidade e as seqüelas.

Mais uma vez agradeço teu alerta e repito que todas as reclamações são essenciais para um homem público. Receba meu abraço, (ass.) Osmar Terra, secretário estadual da Saúde."

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